ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL

Comer carne vermelha faz mal para o cérebro? O que diz um novo estudo

Pesquisa com mais de cem mil participantes analisou o consumo diário para verificar a influência no desenvolvimento de demência e na ocorrência de declínio cognitivo; confira as conclusões

Estudo analisou como o consumo diário de carne vermelha afeta a saúde do cérebroCréditos: Pixabay
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As pessoas que comem mais carne vermelha, especialmente as processadas como bacon, salsicha e mortadela, são mais propensas a ter declínio cognitivo e demência quando comparadas àquelas que comem menos esse tipo de proteína animal.

Esta é a conclusão de um estudo publicado na revista científica Neurology, da Academia Americana de Neurologia. A pesquisa analisou 133.771 pessoas sem demência, com idade média de 49 anos, acompanhando-as por até 43 anos. No período, 11.173 participantes desenvolveram demência.

Os pesquisadores monitoraram os hábitos alimentares dos participantes com diários preenchidos a cada dois ou quatro anos, detalhando o que comiam e com que frequência. O consumo médio diário de carne vermelha foi dividido em grupos de baixa, média e alta ingestão para análise de impacto.

De acordo com os resultados, indivíduos no grupo de alta ingestão de carne vermelha processada (0,25 porção ou mais por dia) apresentaram um risco 13% maior de desenvolver demência em comparação ao grupo de baixa ingestão (menos de 0,10 porção diária). Por outro lado, o consumo de carne vermelha não processada, como carne bovina e de porco, não apresentou impacto significativo no risco de demência, sugerindo que o tipo de carne é um fator relevante.

Declínio cognitivo subjetivo

O chamado declínio cognitivo subjetivo também foi analisado no estudo, desta vez com base em dados de 43.966 pessoas com média de 78 anos. Essa condição é percebida por dificuldades relatadas pelas pessoas em relação à memória e ao raciocínio, antes de serem detectáveis em testes clínicos. Este grupo fez avaliações classificando suas próprias habilidades de memória e pensamento duas vezes no decorrer da pesquisa.

Após o ajuste para fatores como idade, sexo e outros indicadores de risco para declínio cognitivo, os pesquisadores descobriram que os participantes que comeram uma média de 0,25 porção ou mais por dia de carne vermelha processada tinham um risco 14% maior de declínio cognitivo subjetivo em relação àqueles que comiam uma média de menos de 0,10 porção diária.

Já as pessoas que comiam uma ou mais porções de carne vermelha não processada por dia tinham um risco 16% maior de declínio cognitivo subjetivo em comparação com quem consumia menos de metade da porção por dia.

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Foi medida também a função cognitiva objetiva, que se relaciona com a forma com que seu cérebro funciona para lembrar, pensar e resolver problemas. Um grupo diferente de 17.458 participantes do sexo feminino com uma idade média de 74 anos fez testes de memória e pensamento quatro vezes durante o estudo.

Após o ajuste para fatores de risco para o declínio cognitivo, os pesquisadores descobriram que a alta ingestão de carne vermelha processada era um hábito associado ao envelhecimento cerebral mais rápido na cognição global com 1,61 ano com cada porção adicional por dia, e na memória verbal, com 1,69 anos com cada porção.

Boa notícia

O estudo traz um dado importante ao apontar que a simples substituição de uma porção diária de carne vermelha processada por outra de nozes e legumes estava associada a um risco 19% menor de demência e 1,37 menos anos de envelhecimento cognitivo. Fazer a mesma substituição com peixe foi associado a um risco 28% menor de demência e a substituição por frango foi associada a um risco 16% menor de demência.

"Reduzir a quantidade de carne vermelha que uma pessoa come e substituí-la por outras fontes de proteína e opções à base de plantas pode ser incluída nas diretrizes dietéticas para promover a saúde cognitiva", disse o autor do estudo, Dong Wang, do Brigham and Women’s Hospital, em Boston. "Mais pesquisas são necessárias para avaliar nossas descobertas em grupos mais diversos."

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