SUPLEMENTO ALIMENTAR

Você teria um pé de creatina no quintal? A ciência quer tornar isso possível

Cientistas trabalharam com módulos sintéticos de DNA para tornar plantas capazes de "produzir" o suplemento alimentar; entenda

Mulher correndo em área verde.Créditos: Pixabay
Escrito en SAÚDE el

A creatina é produzida naturalmente por aminoácidos do corpo humano, e é então armazenada, principalmente, nos músculos e no cérebro. 

Por seu importante papel na geração de energia, sobretudo durante atividades físicas de alta intensidade e curta duração (como a musculação ou a corrida), ela tem sido usada como "suplemento alimentar" por atletas e pessoas que querem melhorar sua performance em exercícios cotidianos. 

Várias marcas desse composto, além do mais, têm se tornado populares nos mercados, com promessas de aumentar o ganho de massa muscular, melhorar a energia e o desempenho e reduzir o cansaço durante exercícios intensos. Elas são encontradas em potes maiores e menores, em pó e até em cápsulas, e são ingeridas com água ou misturadas a outros suplementos proteicos, como a também famosa proteína do leite. 

Mas e se você pudesse plantar um "pé de creatina" no seu quintal?

Não é, ainda, uma possibilidade — mas a ciência está trabalhando para que seja. 

De acordo com um artigo publicado no Journal of Agricultural and Food Chemistry, é possível cultivar uma planta que "produz creatina". 

Usualmente, o composto é obtido de organismos animais, extraído de carnes como peixe, frango e carne vermelha. Mas pesquisadores da Universidade de Zhejiang, na China, podem ter descoberto um novo método — e, ainda por cima, vegano — para obter o suplemento alimentar.

Como produzir creatina a partir de plantas?

Lembra dos amnoácidos, os compostos orgânicos responsáveis por produzir a creatina? De forma resumida, os pesquisadores da Universidade de Zhejiang utilizaram módulos sintéticos com instruções de DNA para codificar as enzimas de uma planta, que seriam capazes de transformar amnoácidos em creatina

A planta usada para o experimento foi a Nicotiana benthamiana, uma espécie similar à do tabaco, que é frequentemente usada em experimentos de "biologia sintética". 

Após três dias da introdução, na Nicotiana benthamiana, dos módulos de DNA responsáveis por dar "instruções" à planta, os cientistas obtiveram 2,3 microgramas de creatina a cada grama de "material vegetal".

Também houve mais dois testes: um dava instruções de DNA para a produção da carnosina, um outro suplemento alimentar de energia, e outro para a taurina, conhecida por compor bebidas energéticas.

O resultado? A produção de carnosina pela planta aumentou em quase 4 vezes (o que gerou 18,3 microgramas por folha), mas a taurina não foi bem sucedida. 

O mais importante é que os cientistas podem ter encontrado uma maneira orgânica, vegetal e sustentável de produzir "pré-treinos", como são chamados os suplementos alimentares de melhora da performance física.

Quem sabe um dia essa tecnologia permita "plantar creatina" no quintal.

Reporte Error
Comunicar erro Encontrou um erro na matéria? Ajude-nos a melhorar