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Dietas insuficientes em fibra alimentar aumentam risco de câncer; saiba mais

Um dos tipos mais comuns de câncer tem incidência aumentada entre pessoas que não ingerem uma quantidade adequada de fibra alimentar, de acordo com especialistas do Instituto Americano de Pesquisa em Câncer

Alimentação.Créditos: Pixabay
Escrito en SAÚDE el

Nos últimos anos, especialistas ao redor do mundo têm notado um aumento na incidência de câncer colorretal, que se desenvolve no intestino grosso, especialmente em pessoas mais jovens. 

Atualmente, esse tipo de câncer ocupa a terceira posição entre os mais comuns do mundo. 

Entre os fatores de risco avaliados pelos especialistas, destaca-se a baixa ingestão de fibras, nutriente muitas vezes negligenciado e, no entanto, fundamental para a regular as atividades do sistema digestivo.

Para Karen Collins, nutricionista do Instituo Americano de Pesquisa em Câncer, dietas ricas em fibra ajudariam a reduzir significativamente o risco do câncer colorretal; e seus benefícios incluem, entre outras coisas, um funcionamento mais equilibrado do sistema cardiovascular, auxílio ao sistema imunológico e a regulação dos níveis de açúcar no sangue. 

O alto teor de açúcar no sangue, ela lembra, está relacionado a doenças crônicas como a diabetes e os transtornos cardiovasculares. 

Há duas categorias de fibras para ingestão: a fibra solúvel, que se dissolve em água, e a insolúvel, que chega ao intestino sem ser dissolvida e, por isso, pode facilitar o trânsito intestinal, aumentando o volume das fezes (trata-se da fibra presente em alimentos sólidos, como frutas e verduras, farelos de trigo e aveia etc.). 

A fibra solúvel age como uma "escova" no trato digestivo, ajudando na eliminação de resíduos tóxicos e na redução do colesterol ruim (o LDL), afirma Abbie McLellan, nutricionista da Stanford Health Care.

A fibra insolúvel, por sua vez, retém água no corpo e cria uma espécie de "substância gelatinosa" que melhora a saciedade e contribui com o controle do peso, aumentando a sensibilidade do organismo à ação da insulina — que é essencial para o balanço dos níveis de glicose.

A fibra ainda beneficiaria as bactérias do intestino, a partir da geração de moléculas que atuam no combate à inflamação — os chamados "metabólitos" (o resíduo que sobra depois que o organismo aproveita a parte útil do alimento).

Essas moléculas fortalecem a barreira de células no cólon e agem sobre as inflamações responsáveis por aumentar os riscos de câncer. 

Para os especialistas, o nível de fibra ideal no organismo depende da quantidade de calorias ingeridas nas dietas normais. De acordo com o Instituto Americano de Pesquisa em Câncer, para uma ingestão de duas mil calorias diárias, a quantidade ideal de fibras é de 28 a 30 gramas.

As ações recomendadas para aumentar o consumo de fibras costumam envolver a opção por alimentos ricos nesse nutriente, como pães e arroz integrais, frutas e vegetais "coloridos", e cortar a quantidade de ultraprocessados das dietas. 

Para aqueles que já foram diagnosticados com câncer, especialmente o câncer de cólon, a fibra ainda pode desempenhar um papel auxiliar no tratamento.

 Evidências apontam que uma dieta rica em fibras pode tornar a quimioterapia e a imunoterapia mais eficazes, além de ajudar a reduzir seus efeitos colaterais. Isso ocorre porque a fibra fortalece o microbioma intestinal, favorecendo uma resposta imunológica mais eficiente, o que pode ajudar o corpo a lidar melhor com as terapias.