Pesquisadores têm se dedicado a avaliar de forma extensiva o impacto de dietas modernas, inclusive o estilo de alimentação ocidental, sobre a saúde dos seres humanos — e especialmente a saúde do sistema imunológico, que é responsável por evitar e controlar doenças.
Alguns especialistas já entendem que a resposta imunológica das populações ocidentais, cujas dietas são repletas de alimentos com algum nível de processamento, tem sido "suprimida", e sua eficácia parece estar diminuindo no combate a organismos invasores.
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De acordo com o New England Journal of Medicine, o tipo de dieta (e uma dieta mais personalizada) pode influenciar a resiliência do organismo e ajudar a tratar uma variedade de problemas de saúde, como cânceres e doenças autoimunes (a exemplo do lúpus).
Um artigo publicado na revista Nature traz uma revisão dos últimos estudos acerca de como hábitos alimentares podem influenciar o sistema imune. Entenda algumas das principais descobertas:
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O poder das fibras
Nas últimas décadas, os estudos de laboratórios capazes de analisar como biomoléculas (como genes e proteínas) atuam sobre células e tecidos têm avançado.
Um imunologista da Escola de Medicina da Universidade de Washington, Steven Van Dyken, avaliou a influência de um tipo específico de resposta do organismo a alergênicos e parasitas, relacionando-o à regulação metabólica e ao combate da obesidade.
De acordo com Van Dyken, dietas baseadas em alto consumo de quitina, um tipo de fibra encontrada em cogumelos, crustáceos e insetos, ativa a resposta imunológica conhecida como “imunidade tipo 2”, capaz de combater o ganho de peso e suprimir o apetite.
Isso ocorre porque, para digerir a quitina, uma enzima é liberada e modifica a atividade metabólica do organismo. Essa resposta é similar à avistada no tratamento com o medicamento Ozempic, que aumenta o hormônio avistado na reação à quitina: o GLP-1. Isto é, a obesidade está diretamente ligada à imunidade; e a imunidade, por sua vez, à alimentação.
Os malefícios da gordura
Já o imunologista Chaoran Li, da Universidade de Emory, investigou como o sistema imunológico é afetado quando sujeito a dietas ricas em gordura.
De acordo com ele, uma alimentação gordurosa pode elevar o nível de inflamação do organismo e piorar o quadro de doenças como a psoríase, porque diminui a quantidade de células T no sistema — aquelas responsáveis por controlar essa inflamação.
O jejum
Uma pesquisa da Universidade de Ciência e Tecnologia da China sugere que a prática do jejum pode reduzir os riscos de várias condições de saúde, como hipertensão e diabetes, porque períodos em jejum “modulam” o sistema imunológico.
O pesquisador, Cheng Zhan, demonstrou que neurônios que regulam o sistema imunológico são ativados durante o jejum, o que ajudou a combater doenças como a esclerose múltipla em estudos feitos com camundongos.
Entretanto, o jejum pode ter efeitos adversos, especialmente se prolongado.
O imunologista Filip Swirski, da Escola de Medicina Icahn, constatou que, após 24 horas de jejum, a contagem de monócitos no sangue dos camundongos analisados caiu drasticamente, resultando em uma resposta imunológica exacerbada.
Uma dieta personalizada, balanceada e combinada a períodos de “hiato” — que podem ajudar a “reiniciar” o organismo — parece ser, portanto, a chave para uma vida mais saudável, e demonstra ser uma aliada eficaz no combate de doenças.