Daniel Becker, pediatra, sanitarista, antifascista e responsável pelo perfil Pediatria Integral, alerta em vídeo postado nesta segunda-feira (28), em suas redes, sobre o perigo de desacreditar o sistema de transplantes no Brasil.
Segundo ele, “a inclusão recente do Faustão na lista de transplantes do Sistema Único de Saúde (SUS) está gerando muitas dúvidas e especialmente comentários equivocados que são muito perigosos”. Para Becker, “falar mal de um sistema que funciona bem, que é um dos mais justos do mundo, faz com que esse sistema perca a credibilidade. As pessoas passam a desconfiar do sistema de transplantes do Brasil e perdem a vontade de doar”, alerta. “E o Brasil já tem pouca doação pra nossa população, tem países que têm muito mais.”
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O médico que pegou algumas informações de Pedro Carvalho, “um médico excelente que trabalha há dez anos nesse sistema. Segundo ele, o Brasil tem o maior sistema de transplante do mundo e um dos melhores e é integralmente do SUS. Não existe a possibilidade de você comprar um órgão e se operar num hospital particular. Transplante no Brasil é SUS”, avisa.
“Segundo, ele diz o seguinte: ‘fila é um termo inadequado, melhor falar em lista, porque tem uma série de critérios pra se transplantar e a gravidade do paciente é o maior deles. O principal deles. Alguém que vai morrer a qualquer momento sem transplante vai receber um órgão antes de uma pessoa que tá a mais tempo na lista, mas em melhor estado, que pode esperar’”, diz Becker.
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O médico lembra ainda que o processo de transplante “é todo documentado e é muito rígido. Tem cópias das equipes, das famílias, tem cópia de tudo, tem troca de informações entre centrais estaduais e nacionais, famílias e equipes, tem testemunha, tem tudo registrado. E a família é colocada a par de tudo.
Outra questão importante lembrada por ele é que “a doação é sempre anônima. Uma família que opta pela doação não sabe pra quem vai doar. Isso garante a segurança dela e também a do receptor. Tem como descobrir quem recebeu? Te, se você fizer investigações, mas não pelo sistema de transplantes. Via sistema você não consegue. Você pode conseguir de outros modos”.
Becker reitera ainda a importância da doação de órgãos:
“Seja doador. Basta falar com sua Família. Converse com seus amigos. É um gesto que pode ajudar tanta gente! Que legado pode ser melhor?”
Comunicado da Central de Transplantes
Em sua postagem, ele ainda reproduziu “uma atualização importante, do incansável @brasilfedecovid:
A Central de Transplantes do Estado de São Paulo divulgou, na noite de hoje (27), mais informações sobre o transplante do apresentador Fausto Silva.
Com o tipo sanguíneo B, presente em apenas 10% da população brasileira, Faustão ocupava o segundo lugar na fila de espera por um coração entre 12 pacientes compatíveis. Segundo o Ministério da Saúde, o apresentador, que tem 74 anos, foi priorizado na fila de espera em razão de seu estado de saúde, que era considerado muito grave.
O órgão foi oferecido para a equipe médica de Faustão durante a madrugada de hoje, após o primeiro nome da lista recusar o coração. “A seleção gerada para a oferta do coração deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda posição nesta seleção".
De acordo com números da Central, a espera por um transplante de coração dentro do tipo sanguíneo B é de 1 a 3 meses.
Quem sabe assim se calam os detratores do SUS, os que nem seguem o perfil e vêm aqui somente para criticar, falar mal, criar conspirações e boatarias contra uma política pública essencial, que com todas as suas falhas, é um dos mais importantes mecanismos de justiça social e redução de desigualdades nesse país.