TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Faustão transplantado: saiba quem é apto para doação de órgãos

Prioridade de apresentador na operação causou polêmica; entenda o porquê

Faustão tratava insuficiência cardíaca com diálise, motivo de prioridade no transplante.Créditos: Reprodução/Twitter
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O transplante de coração feito no apresentador televisivo Faustão gerou debates sobre como é feita a doação de órgãos no Brasil. Fausto Silva ocupava uma lista de espera de transplante cardíaco de 378 pessoas, mas passou a ser prioridade devido ao seu estado grave de saúde. Entenda quem pode doar órgãos no Brasil.

De acordo com a Central de Transplantes do Estado de São Paulo, é necessário avaliar a compatibilidade entre o doador e o receptor quando um coração é doado. Pontos como o tipo sanguíneo, a distância geográfica a ser percorrida e o porte físico são levados em consideração.

"A seleção gerada para a oferta do coração deste receptor, através do sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, sendo que o paciente ocupava a segunda posição nesta seleção."

Central de Transplantes do Estado de São Paulo, sobre Faustão

Quem pode doar órgãos?

A doação de órgãos pode ocorrer em vida ou após a morte. Durante a vida, é permitido por lei doar um dos rins, parte do fígado e uma parte dos pulmões para o cônjuge  ou parentes de até quarto grau. Apenas uma autorização judicial permite a doação para pessoas sem parentesco.

O Ministério da Saúde sugere que o desejo de doação de órgãos após a morte deve ser informado aos familiares, uma vez que a legislação brasileira exige o consentimento da família: "Para que a vontade em doar os órgãos após a morte seja atendida, é importante avisar a sua família sobre essa decisão e pedir que ela atenda ao desejo".

Segundo a pasta, a razão no consentimento familiar é a vontade de respeitar a decisão de um ente falecido. A negativa por parte da família é um dos principais impedimentos na doação de órgãos no país. Mais de 45% das famílias recusaram a doação, em 2022.

O desejo formalizado e registrado por parte do doador também pode ser aceito no caso de decisão judicial, sem depender da autorização da família para a retirada de órgãos e tecidos para transplante.

Os doadores poderão ter seus órgãos retirados nos seguintes casos de morte:

  • Morte encefálica: coração, córnea, fígado, intestino, pâncreas, pele, pulmões, rins, tendões e vasos;
  • Parada cardiorrespiratória: tecidos (córnea, ossos, pele, tendão e vasos).

Alguém não pode doar?

Algumas pessoas não estão aptas à doação de sangue, devido aos requisitos estabelecidos pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Aqueles com menos de 18 anos ou sem documentação não podem doar.

Além disso, doadores falecidos devem ter sua causa de morte apresentada, bem como ausência de doenças infecciosas ativas e estar com um órgão saudável para os parâmetros das autoridades da área.

Como funciona a fila de transplante do SUS?

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a fila de transplantes – única no Brasil – possui mais de 66 mil pessoas à espera de órgãos. São mais de 37 mil pessoas À espera de um rim e 386 de coração, como era o caso de Faustão.

No ano de 2022, o SUS realizou 23.516 transplantes, mais de 90% deste tipo de operação de órgãos no Brasil.

O receptor de órgãos ocupará um lugar na lista de espera conforme sua inscrição, ou seja, será o primeiro na lista aquele que primeiro se inscrever, e assim por diante. No entanto, pessoas podem ser priorizadas na lista conforme sua condição clínica, risco de morte, etc.

O apresentador Faustão recebeu prioridade na lista porque já estava fazendo tratamento para insuficiência cardíaca com diálise, um dos critérios estabelecidos para a urgência. Ele estava na segunda posição na fila de espera, porém a equipe médica do paciente da primeira posição optou pela recusa do órgão – possivelmente pela falta de compatibilidade entre doador e receptor.