O Dia Mundial do Diabetes se comemora nesta terça-feira (14). Sempre imaginei que deveria ser um verdadeiro inferno ter a tal da diabetes. E não é nada a agradável mesmo. Até que um dia, através de exames de rotina, descobri que estava com os índices glicêmicos nas alturas. Descobri, enfim, como é e como lutar contra ela.
Antes de tudo, é bom esclarecer que existem dois tipos da diabetes mellitus, o 1 e o 2. O 1 é um problema que não pode ser prevenido, pois não está relacionado com o tipo de alimentação nem com os hábitos da pessoa; na verdade, consiste em uma condição do seu organismo, muitas vezes um fator hereditário.
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Este texto, portanto, vai tratar do tipo 2, que é o meu e o de milhões de pessoas no planeta e, ao contrário do outro, não só pode como deve ser prevenido. É aquele tipo de doença que a gente fabrica ao longo dos anos, assim como as esquemias, responsáveis pela maior quantidade de mazelas no planeta, como infarto do miocárdio, AVC entre muitas outras. E, o que é pior ainda, todas elas estão estritamente ligadas com a diabetes.
Enfim, descobri que tanto a hemoglobina glicada – que revela o índice acumulado nos últimos meses – quanto a glicemia de jejum – aquela em que aparece o acúmulo mais imediato – estavam bem altas. O Dr. Marcos Caseiro, que além de grande médico infectologista é amigo de muitas décadas, me chamou e disse em alto e bom som: “acabou a brincadeira”. E passou a fórmula fulminante sem meias palavras em forma de tríade:
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“Exercícios físicos diários, remédio e dieta”, disse ele com o talão de receitas nas mãos. Como bom amigo, no entanto, ele deixou claro que as coisas não são tão absolutas quanto parecem. Antes, um pequeno parêntese. É bom esclarecer que não sou exatamente um cachaceiro contumaz, mas bebo. E também como. Ou comia. E, o que é pior, fazia exercícios sim, mas sem muita regularidade, meio naquela base do choveu não vou’, ‘tá calor, vou ficar aqui’ etc. se é que o leitor me entende.
Caseiro me falou para não desanimar. Comer uma pizza no fim de semana não estava proibido, mas de maneira esporádica e comedidamente. O mesmo para pão, arroz, proteínas em geral. “O grande segredo é um pouquinho disso, outro daquilo, com calma e principalmente se exageros”, me disse ele.
Quanto ao álcool, a mesma coisa. Pode beber, mas menos, muito menos e, o que é mais importante, esporadicamente, ou seja, uma vez por semana. Chato, né? Sem dúvidas, mas a outra opção, podem ter certeza que é muito pior. A diabetes é uma doença devastadora que se não for cuidada pode causar cegueira, amputação de membros entre muitos outros problemas até a morte, é claro.
Trocando os hábitos
Da noite para o dia, em um primeiro momento, cortei o pão branco, algo que adoro sobremaneira, o álcool, comecei a comer muito menos e passei a fazer exercícios todos os dias, sem falta. Além disso, comecei a tomar o remédio devidamente receitado pelo Caseiro.
Nas primeiras semanas, as mais difíceis, sentia sempre uma certa fraqueza e tonturas, mas prossegui. Caseiro me dizia que era assim mesmo, até que o organismo iria se habituar. E assim foi. Em um mês, havia perdido cinco quilos e a disposição física aumentou muito. A tontura veio por conta da queda de pressão. A pessão alta me aflige há 20 anos. A solução foi diminuir o remédio. Assim foi feito e tudo voltou ao normal. Fazer exercícios e me alimentar melhor fez com que ela baixasse naturalmente. O organismo, sem eu perceber, estava agradecendo.
Cerca de seis meses e quinze quilos a menos depois, meus exames voltaram a estar bem próximos do normal. Neste momento é que vem o perigo. Não se pode achar que tudo está resolvido e voltar ao mesmo estilo de vida anterior. Uma pequena afrouxada aqui e ali é bem-vinda, faz bem pro espírito e pra alma. Mas nada de exageros.
Além disso, não lembrava mais como era se sentir tão bem disposto.
O que eu passei a fazer é, a bem da verdade, o que sempre deveria ser feito. Comer muito e mal e ter uma vida sedentária não fazem bem pra ninguém. Mas é prazeroso. Como diz o Dr. Drauzio Varella, não dá pra tentar enganar o paciente que alface é melhor do que picanha. Mas, infelizmente, não dá pra se entupir de gordura, é um veneno.
Não se trata aqui de se transformar em um monge, com todo o respeito aos monges, mas sim de ter um pouco mais de amor a si e, é claro, ao próprio corpo.
Meus exames viraram um case do Dr. Caseiro. Ele mostrou aos seus alunos os de antes, a tríade para a cura e o resultado. Não é para menos. Tem gente que acredita que vai controlar o diabetes só com remédio. Ou só com exercício e ainda, só com alimentação. Não vai. Tem que tomar as três atitudes.
No final das contas, trata-se, sem dúvida, de um sacrifício. Mas, um sacrifício bem menor diante do que pode vir no futuro, não é mesmo? Então, bora lá cuidar da saúde.