O aumento da ocorrência de casos da misteriosa hepatite aguda infantil já preocupa as autoridades médicas. Hoje, há cerca de 200 crianças afetadas pela doença em vários países do mundo. No Brasil, nove casos suspeitos estão sendo investigados no Rio de Janeiro, Paraná, Espírito Santo, São Paulo e Santa Catarina.
Por ser nova e desconhecida, apesar de ser uma espécie de hepatite, a doença vem provocando inúmeros questionamentos e linhas de investigação. Uma das perguntas mais comuns é se há alguma relação com a Covid-19?
“Existem muitas dúvidas. O que a gente tem são 16 países que já relataram casos dessa hepatite em crianças. Nos Estados Unidos, por exemplo, dez estados identificaram. São cerca de 200 crianças afetadas no mundo inteiro. A maioria dos casos está na Grã-Bretanha, no sistema de saúde do Reino Unido”, explica o infectologista Marcos Caseiro.
“No momento, a grande pergunta é o que está causando a doença”, diz. Em relação a uma possível associação da nova hepatite à Covid, o médico é cauteloso sobre o tema.
“Dos casos das crianças que foram investigadas, a grande maioria não tinha tido infecção por Covid. Então, a princípio, não há relação com Covid e nem com a vacina, porque grande parte dessas crianças, pela faixa etária, ainda não tinha tomado o imunizante. Só 20 tinham testado positivo para coronavírus”, avalia Caseiro.
Apesar da preocupação, o infectologista afirma que a maioria das crianças tem se recuperado totalmente. “Algumas têm feito um quadro grave. A causa ainda é desconhecida”, reafirma, o que dificulta grandes análises.
“Há um achado de um adenovírus, que é um vírus associado ao resfriado comum. Dos 169 casos incluídos no relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), 74 tiveram infecção por adenovírus. Isso pode ser um achado, pois esse adenovírus tipo 41, normalmente, causa sintomas gastrointestinais, tipo diarreia, ou quadros respiratórios”, diz.
“A grande possibilidade é que a causa seja essa cepa do adenovírus 41”, diz Caseiro
Como ainda é uma incógnita, o que significa que muitos fatores não foram explicados, as conclusões vão sendo tiradas a partir da evolução dos casos e, naturalmente, de estudos científicos.
“Então, o que se tem até agora é que, a princípio, a grande possibilidade é que a causa seja essa cepa do adenovírus 41. Os sintomas comuns nessas crianças são os das hepatites: icterícia (coloração amarelada nos olhos e na pele), urina cor de Coca-Cola e fezes esbranquiçadas. Ainda podem ter sintomas associados, como febre, mal-estar geral e vômitos”, completa Caseiro.