Na hora de associar uma cor ao mês de outubro é comum pensar em rosa, por conta da famosa campanha de combate ao câncer de mama. No entanto, outubro também é o mês de outra cor, o verde, como parte de um movimento de conscientização sobre a sífilis.
Desde de 2017, o terceiro sábado do mês de outubro – em 2023, o dia 21 – marca o Dia Nacional do Combate à Sífilis e a Sífilis Congênita, como estabelecido na Lei nº 13.430/2017.
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A sífilis é uma infecção sexualmente transmissível (IST). Apesar de curável, se não identificada rápido, a doença pode se tornar crônica e levar à morte. O diagnóstico precoce evita a contaminação de mais pessoas e que o quadro se agrave. Em 2021, de acordo com dados do Boletim Epidemiológico de Sífilis do Ministério da Saúde, o número de casos detectados da doença bateu recorde, com 78,5 infectados com adquirida a cada 100 mil habitantes e 9,9 casos de congênita a cada mil nascidos vivos.
Sífilis adquirida e congênita
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e pode ser transmitida de duas formas: por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, quando é chamada de sífilis adquirida, ou para a criança durante a gestação ou parto, a chamada sífilis congênita.
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O perigo da sífilis é que ela pode ser uma infecção silenciosa. Em alguns casos, os sintomas podem demorar até 40 anos para se manifestar, isso porque a doença possui diferentes estágios.
Em um primeiro momento, uma ferida, chamada de “cancro duro”, se forma no local de entrada da bactéria – como pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus ou boca – entre 10 e 90 dias após o contágio. Ela pode ser acompanhada de caroços na virilha, desaparece sozinha e não causa incômodo, o que pode levar o infectado a ignorar seu aparecimento.
Caso ignorada, a doença evolui para a fase secundária, que apresenta sintomas entre seis semanas e seis meses do aparecimento e cicatrização da ferida inicial. A principal ocorrência são manchas no corpo, que geralmente não coçam, mas febre, mal-estar, dor de cabeça e ínguas pelo corpo também podem aparecer. Como na primária, as manchas desaparecem sem necessidade de tratamento.
Entre 1 e 40 anos após o início da infecção, caso não identificada e tratada, a sífilis entra em seu estágio terciário, quando, então começa a apresentar sintomas mais graves, como lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas. Essa fase, caso não tratada, pode levar à morte.
“Uma pessoa pode ter sífilis e não saber, isso porque a doença pode aparecer e desaparecer, mas continuar latente no organismo. Por isso é importante se proteger, fazer o teste e, se a infecção for detectada, tratar da maneira correta”, diz o Ministério da Saúde.
Testagem e tratamento
A medida mais importante de prevenção da sífilis é o uso de camisinha durante o sexo. No entanto, a testagem também é importante, de modo a evitar a transmissão. O teste rápido (TR) de sífilis está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) e é descrito como “prático e de fácil execução” pelo Ministério da Saúde.
A testagem é ainda mais importante em caso de gravidez, uma vez que a doença também pode ser transmitida ao feto, a chamada transmissão vertical. O Ministério da Saúde recomenda que as gestantes sejam testadas no primeiro e no terceiro semestres e no momento do parto ou em caso de aborto.
Em caso positivo, para as gestantes, o tratamento é iniciado o mais rápido possível, com a penicilina benzatina, ou benzetacil, uma vez que esse é o único jeito de evitar a transmissão para o bebê. Ele deve ser iniciado pelo menos 30 dias antes do parto.
A maior parte dos bebês com sífilis congênita não apresentam sintomas ao nascimento. No entanto, as manifestações clínicas podem surgir nos primeiros três meses, durante ou após os dois anos de vida da criança. Os infantes são tratados com penicilina cristalina ou procaína, durante 10 dias.
Estão entre os riscos da sífilis congênita abortamento espontâneo, parto prematuro, malformação do feto, surdez, cegueira, alterações ósseas, deficiência mental ou morte ao nascer.
Para os infectados com a sífilis adquirida, um segundo teste, desta vez laboratorial, é feito, caso o TR seja positivo, para confirmar o diagnóstico, quando, então, o tratamento é iniciado.