A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou uma injeção que previne a infecção pelo HIV. O medicamento ainda não está sendo comercializado ou oferecido na rede pública.
A injeção funciona como uma profilaxia pré-expositiva (PrEP). Isso quer dizer que a medicação deve ser tomada antes da exposição ao vírus causador da síndrome da imunodeficiência humana (Aids) para evitar a infecção.
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Desde 2017, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a PrEP de maneira gratuita. Atualmente, a estratégia de prevenção consiste em comprimidos diários compostos de dois retrovirais (tenofovir e emtricitabina). Para retirar a medicação nos postos de saúde, é necessário realizar a testagem para infecções sexualmente transmissíveis, o que também ajuda na propagação.
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A PrEP é destinada a grupos considerados de maior risco de exposição, como homens que fazem sexo com outros homens, profissionais do sexo e casais sorodiscordantes (quando apenas um parceiro tem HIV). Entenda quais as vantagens da nova profilaxia.
Injeção ou comprimido?
A profilaxia pré-expositiva já existe. Contudo, a possibilidade de realizá-la com injeções anima os especialistas. Dados do Ministério da Saúde mostram que 81.824 pessoas já aderiram à PrEP. Contudo, cerca de 22 mil deixaram de cumprir o protocolo no meio. Um dos motivos apontados para a desistência é a necessidade de tomar comprimidos diariamente.
Estudos mostram que a injeção aumenta a eficácia do protocolo. O cabotegravir, novo medicamento injetável produzido pela farmacêutica GSK, é 69% mais eficaz no combate às infecções por HIV e já foi aprovado em países como Estados Unidos, Austrália e Zimbabué.
A substituição dos comprimidos diários por injeções bimestrais facilita a adesão de pessoas ao tratamento. O protocolo de aplicações funciona da seguinte maneira: duas aplicações mensais no início, e depois uma a cada dois meses. A injeção é feita nos glúteos.
Vacina contra o HIV?
Importante ressaltar que o cabotegravir não é uma vacina contra o HIV. O que caracteriza um imunizante é a indução de uma resposta imunológica mais rápida e mais eficaz. Isso ocorre pela introdução de partículas e fragmentos enfraquecidos, inativados ou que simulem os agentes infecciosos. Assim, o organismo se prepara para as infecções.
Contudo, o cabotegravir e outras PrEPs não podem ser caracterizados como vacinas. Esses medicamentos bloqueiam os "caminhos" que o vírus usa para infectar. Como os medicamentos da PrEp devem estar sempre presentes no organismo de quem segue os protocolos, a infecção é bloqueada mesmo após o contato com os agentes infecciosos.
O cabotegravir já está disponível?
A Anvisa concedeu o registro para o novo medicamento, contudo ele ainda não está disponível. Sua comercialização na rede privada não foi anunciada pela fabricante. Além disso, sua inclusão e implementação junto aos medicamentos oferecidos pelo SUS ainda será avaliada pelo Ministério da Saúde.
Contudo, ano passado, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) anunciou que irá iniciar um projeto piloto com PrEP injetável no Brasil. O financiamento ocorrerá por meio da Unitaid, agência global de saúde ligada à OMS.
HIV no Brasil
O Boletim Epidemiológico de HIV/Aids mostra um aumento de casos de infecção por HIV dos últimos dez anos. No Brasil, entre 2011 e 2021, houve um acréscimo de quase 200% nos diagnósticos. Estima-se que um milhão de pessoas vivem com HIV no país. A infecção por HIV pode levar ao desenvolvimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida, a Aids.
Mesmo com aumento no número de diagnósticos, os casos de Aids caíram no Brasil. Houve uma queda de 18,5%, passando de 43,2 mil, em 2011, para 35,2 mil, em 2021. Os números são atribuídos ao sucesso da terapia antirretroviral (TARV).
Com informações do Globo.