Uma mulher de 64 anos que convivia com o vírus HIV, o agente causador da Aids, foi curada, nos EUA, depois de realizar um transplante com células-tronco para tratar de uma leucemia mieloide. O caso dela foi apresentado oficialmente na Conferência sobre Retrovírus e Infecções Oportunistas, evento realizado em Denver, no Colorado, e serve como uma esperança para os especialistas de todo o mundo que procuram uma solução definitiva para a doença que assola a humanidade há mais de quatro décadas.
Vale ressaltar que outros casos semelhantes já tinham ocorrido, como os de duas mulheres, uma argentina de 30 anos e uma norte-americana de 67, além de um outro cidadão dos EUA que aos 41 anos, em 2007, se livrou do vírus após um transplante realizado na Alemanha, e ainda um britânico, cuja idade não foi revelada, que não tem mais traços do HIV há dois anos.
No último caso, da estadunidense de 64 anos, há 14 meses, com a terapia antirretroviral suspensa, ela não apresenta mais qualquer rastro do vírus causador da Aids em seu organismo, o que para os cientistas é considerado uma “cura”.
“Este é agora o terceiro relato de cura neste cenário, e o primeiro em uma mulher vivendo com HIV”, informou a Sociedade Internacional da Aids num comunicado de imprensa, assinado pela presidente do órgão, Sharon Lewin. É provável que, por razões e critérios científicos, a entidade tenha desconsiderado os outros dois casos semelhantes.
Um estudo realizado por especialistas da Universidade John Hopkins e pela UCLA, a Universidade da Califórnia, no seu campus de Los Angeles, vem monitorando 25 pacientes com HIV que foram submetidos a transplantes sanguíneos com células-tronco, por conta de câncer, nos últimos. A intenção é fazer mais achados como este último e compreender qual é o mecanismo acionado nesses homens e mulheres que permite eliminar todos os rastros do vírus no organismo, embora os estudiosos já tenho certa noção do fenômeno.
Método e explicação
Os cientistas utilizaram no transplante, além da medula de um familiar da paciente, sangue de um cordão umbilical de um recém-nascido sem relação familiar com a mulher. Apenas alguns marcadores do material precisam ser compatíveis com o do receptor, facilitando assim o transplante.
O material umbilical era de um bebê que apresenta uma variante do gene CCR5?32, já conhecido pelos estudiosos como resistente à infecções pelo HIV. Como o sistema imunológico da paciente foi “zerado” com o transplante de medula, o sangue com células-tronco umbilicais agiu bloqueando a entrada do HIV nas novas células do sangue.
Apenas 90 dias após o procedimento, os médicos já constataram que todo o material sanguíneo da mulher de 64 anos era totalmente derivado das células extraídas do cordão umbilical do doador e, como há nele há o gene que bloqueia a infecção pelo vírus causador da Aids, a paciente segue curada.