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Aumento dos casos de HIV entre idosos no país levanta alerta sobre conscientização

Sem campanhas preventivas, a desinformação piora o quadro de aumento de ocorrências na terceira idade

Casos positivos da doença se quadruplicaram na faixa etária a partir dos 60 anos.Créditos: Pxfuel
Escrito en SAÚDE el

No ano de 2023 a epidemia do HIV, vírus da imunodeficiência adquirida, completa 42 anos, levantando alerta sobre a alta de novos casos positivos entre os mais velhos. Muitos especialistas já pontuam a importância de incluir, entre as perguntas de exames, questões sobre a sexualidade dos idosos. O quadro é agravado partindo da opinião comum de que essa prática é maior entre jovens, e o estigma profissional que não considera a possibilidade de o idoso manter relações sexuais. Como se pessoas dessa faixa etária não pudessem receber diagnósticos como o do HIV. 

Há uma série de fatores por trás desse avanço. A falta de campanhas para prevenção com foco na terceira idade é um dos motivos para o aumento da incidência do HIV. Nessa faixa etária, os idosos apresentam mais risco de serem infectados pela baixa adesão ao uso de preservativos, que também são alternativas eficazes para evitar muitas das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como o próprio HIV. As mulheres, por exemplo, já passaram da menopausa, geralmente por volta da quinta década de vida, deixam de ovular, e não geram mais bebês.

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Campanhas de prevenção e maior comunicação entre médico e paciente, incluindo perguntas durante os exames, são urgentes. Em uma década, casos positivos da doença se quadruplicaram na faixa etária a partir dos 60 anos. Outra estatística importante é a de que 360 brasileiros com mais de 60 anos testaram positivo para o HIV em 2011, e essa taxa subiu e chegou a 1.738 em 2019. 

Quanto antes o teste for realizado e o paciente diagnosticado, menores são as chances de adoecer e desenvolver um quadro de Aids. As expectativas de tratamento são positivas, como as chamadas terapias antirretrovirais, que permitem controlar a carga de vírus, embora ainda não sejam capazes de eliminá-lo de vez. 

É importante ressaltar que são recorrentes as doenças crônicas entre pessoas dessa idade, e elas também podem afetar a eficácia do tratamento contra o HIV. Mais uma vez se faz importante os cuidados devidos aos idosos infectados. Os farmacêuticos, por exemplo, devem indicar medicamentos que não provoquem interações medicamentosas.

Falar de prevenção, com campanhas com apoio governamental, é um tópico que tem ganhado cada vez mais atenção. Os serviços de saúde oferecem rodas de conversa nas UBSs sobre hipertensão e diabetes com frequência. É uma possibilidade para a desestigmatização do HIV, para mostrar que há diagnóstico e tratamento.