REDES SOCIAIS

Governo Lula se reúne com big techs, ONGs e especialistas: veja como será audiência sobre plataformas

Objetivo será debater as recentes mudanças nas políticas das empresas em relação ao combate à desinformação, afirma a AGU

AGU exige que pltaformas digitais expliquem as novas políticas de moderação de conteúdo.Créditos: AzamKamolov/Pixabay
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Com o objetivo de analisar as novas políticas de moderação de conteúdo em plataformas digitais, a Advocacia-Geral da União (AGU) começa nesta quarta (22), em Brasília, uma audiência pública para reunir representantes de diversos setores da sociedade, incluindo plataformas digitais, academia e sociedade civil.

Foram chamadas empresas proprietárias de plataformas como Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp), Alphabet (Google e YouTube), X (antigo Twitter) e TikTok, juntamente com jornalistas especialistas no tema, instituições de pesquisa e ONGs dedicadas ao combate à violência online. Pelo menos 41 convidados devem compor a audiência.

“O objetivo é analisar os impactos das mudanças no enfrentamento à desinformação e na promoção e proteção dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal. A audiência será presidida pela AGU e contará com o apoio de representantes do Ministério da Justiça e Segurança Pública, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República e do Ministério da Fazenda”, disse a AGU em nota.

Os participantes vão poder comparecer presencialmente ou online, tendo cada um cinco minutos para expor suas opiniões técnicas sobre o tema. Os debatedores também vão poder dirigir uma pergunta a um único palestrante, e cada convidado poderá ser chamado para responder até duas dúvidas. A audiência pública vai acontecer das 14h às 18h.

Veja a lista de convidados:

  • Aliança LGBTQIA+
  • Alphabet (Google/YouTube)
  • Aos Fatos
  • Articulação Brasileira de Indígenas Jornalistas
  • Artigo 19
  • Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji)
  • Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e
  • Intersexos(ABGLT)
  • Associação Nacional dos Travestis e Transexuais - Antra
  • BiaA Kira - Universidade de Sussex
  • Coalizão Direitos na Rede
  • Comprova
  • Comitê Gestor da Internet
  • Democracia em Xeque
  • Discord
  • Electronic Frontier Foundation (EFF)
  • Fundação Getúlio Vargas- Diretoria de Análise de Políticas Públicas
  • Gustavo Hernique Justino de Oliveira - USP/IDP
  • Instituto Alana
  • Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia - MCTI
  • Instituto da Hora
  • Instituto de Ciência e Tecnologia em Disputas e Soberanias Informacionais (INCT DSI)
  • Instituto de Defesa do Consumidor (Idec)
  • Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio- ITS
  • Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Democracia Digital (INCT DD)
  • InternetLab
  • Ivar Hartmann - Insper
  • Kwai
  • Labic - Laboratório de Internet e Ciência de Dados
  • Laura Schertel - IDP
  • Lupa
  • LinkedIn
  • Meta
  • Netlab UFRJ
  • Pública
  • Repórteres Sem Fronteiras (RSF)
  • SaferNet
  • Sleeping Giants
  • Sérgio Amadeu da Silveira – UFABC
  • TikTok
  • Vírgílio Algusto Fernandes Almeida -UFMG e Universidade Oxford
  • X.com

Entre os pontos que serão abordados, estão:

  • Política de conduta de ódio das plataformas digitais;
  • Medidas para mitigação da circulação de conteúdos criminosos e ilícitos nas plataformas digitais;
  • Impacto social e na sustentabilidade do jornalismo profissional com eventual fim no Brasil de programas de checagem de fatos com substituição por outras metodologias, a exemplo de “notas de comunidade”;
  • Aprimoramento do canal de denúncias sobre enfrentamento da desinformação e violações de direitos fundamentais;
  • Necessidade de relatórios de transparência sobre a promoção e proteção dos direitos fundamentais e o enfrentamento à desinformação;
  • Consequências das mudanças na moderação de conteúdo para grupos historicamente marginalizados, como mulheres, pessoas LGBTQIA+, imigrantes e pessoas com deficiência.

Política de desinformação e discurso de ódio nas redes

A convocação da audiência ocorre após a Meta ter dado uma resposta insuficiente a uma notificação extrajudicial emitida pelo governo brasileiro, que pedia explicações sobre as consequências do encerramento do programa de checagem de fatos. A Meta anunciou, no início do mês, que planeja substituir as agências de checagem profissional por um sistema de notas da comunidade, modelo já utilizado pelo X (ex-Twitter). 

Questionada pela AGU, a bigtech informou que a mudança começará nos Estados Unidos e que, por ora, as agências continuarão operando no Brasil. Uma reportagem exclusiva da Fórum mostrou que a Meta ignorou questionamentos da AGU sobre desinformação e direitos fundamentais e não abordou de maneira clara e detalhada os principais pontos levantados pelo governo brasileiro, gerando preocupações sobre seu compromisso com a transparência e a responsabilidade social.

Em conversa da coluna com uma fonte próxima ao ministro da AGU, Jorge Messias, ficou evidente que a posição da Advocacia-Geral da União é de insatisfação com a resposta apresentada pela Meta. Segundo a fonte, a empresa limitou-se a repetir o discurso público de seus executivos, como o de Mark Zuckerberg, sem abordar os questionamentos de maneira substantiva.

Outro ponto mencionado é que a Meta, em sua resposta, deu a entender que pode haver futuras modificações em suas políticas de verificação de informações, o que gerou preocupações adicionais dentro do governo. Para a AGU, é evidente que o modelo de "notas da comunidade", importado dos Estados Unidos, é inadequado para a realidade brasileira, pois não garante eficácia no combate à desinformação nem assegura a proteção de direitos fundamentais.

Veja o que a AGU solicitou à Meta:

  • Existência de um novo canal para denúncias: A AGU solicitou que a Meta esclarecesse se foi criado um canal específico para que usuários possam apresentar denúncias de violações de direitos fundamentais decorrentes das novas diretrizes de combate à desinformação.
  • Transparência nas checagens de desinformação: A AGU pediu detalhes sobre como funcionam as "notas da comunidade", incluindo:
  1. Quem são os colaboradores mais frequentes.
  2. Percentual de participação cidadã no processo.
  3. Possíveis contradições entre notas de comunidades divergentes.
  4. Resultados dessas notas e como elas contribuem para a verificação pública.
  • Providências quanto aos direitos fundamentais: O governo também questionou as medidas adotadas pela Meta para lidar com:
  1. Violência de gênero.
  2. Proteção contra crimes como racismo, homofobia e transfobia.
  3. Prevenção ao suicídio.
  4. Combate ao discurso de ódio.

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