A deputada federal bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) apresentou um projeto de lei para facilitar o uso de opiáceos no Brasil, se alinhando com interesse da indústria farmacêutica.
O PL propõe a institucionalização de cursos sobre dor nas faculdades de medicina, criar o dia nacional de conscientização e enfrentamento da dor crônica e dar atendimento integral no Sistema Único de Saúde a pessoas com dor crônica.
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A dor crônica é, sem dúvidas, um problema de saúde. Mas quem é o maior interessado nesse projeto de lei?
Segundo a coluna de Guilherme Amado, o projeto foi apresentado a Kicis pelo médico Carlos Marcelo de Barros, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos da Dor, entidade que recebeu US$ 39 mil dólares, cerca de R$ 200 mil, da Mundipharma, distribuidora da Purdue, empresa apontada como responsável pela crise de opiáceos nos EUA.
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A Purdue utilizou a mesma estratégia - utilizando sociedades médicas e o lobby - para comercializar agressivamente seu medicamento opioide OxyContin, um opiáceo similar à heroína, como menos viciante, apesar das evidências em contrário.
O descalabro fez com que a droga se tornasse a principal causa de mortes por overdose nos EUA. Rapidamente, uma epidemia de heroína e fentanil - que se alastram de maneira ilegal para suprir viciados em opiáceos como o Oxycontin - se espalharam ao redor do país. Em 2023, 112 mil pessoas morreram de overdose nos EUA e a maioria eram viciados em opioides.
A Purdue empresa enganou médicos e pacientes, minimizando os riscos dos opioides através de táticas de marketing enganosas, que levaram à prescrição excessiva e à dependência generalizada, alimentando a epidemia de opioides que já ceifou centenas de milhares de vidas.
Processos e acordos responsabilizaram a Purdue pela crise de Oxycontin, mas os danos causados por suas ações são incalculáveis, segundo a própria imprensa dos EUA.