Ricardo Nunes (MDB), prefeito de São Paulo, admitiu nesta terça-feira (6) que a sua gestão desconhece a existência de uma milícia atuante na região central da capital conhecida como Cracolândia. A afirmação de Nunes foi feita durante coletiva de imprensa na qual promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) detalharam uma investigação que desmantelou um esquema envolvendo agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM), empresários e integrantes do grupo criminoso Primeiro Comando da Capital (PCC).
A operação Salus et Dignitas, do Gaeco, teve como objetivo desarticular a logística do crime organizado que atua a menos de 2 km da sede da prefeitura e que criou um "ecossistema criminoso" para dominar a região central da cidade. A ação cumpriu mais de 200 mandados de prisão, busca e apreensão, sequestro e bloqueio de bens e suspensão da atividade econômica. O grupo teria arrecadado mais de R$ 6 milhões em propinas durante um ano de investigações.
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Entre os alvos da operação Salus et Dignitas estava uma quadrilha formada por agentes da GCM, integrantes do PCC e empresários envolvidos em um esquema criminoso que extorquia comerciantes em troca de segurança contra a ação de viciados, facilitava a atuação do tráfico de drogas e agia na receptação de objetos roubados, além de explorar o trabalho de adultos e crianças em condições análogas à escravidão.
"A Prefeitura desconhece milícia atuando na cidade de São Paulo", disse Nunes. "O que a prefeitura tem é um regime muito rígido com relação a sua Guarda Civil Metropolitana até pela consideração e o reconhecimento do grande trabalho da GCM para a cidade de São Paulo", completou.
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Detalhes
"Milícia" foi a palavra escolhida pelos promotores no texto que originou a operação deflagrada pelos órgãos de segurança. O termo é usado para explicar a atuação de agentes da GCM envolvidos com integrantes do crime organizado.
“Chegou ao conhecimento deste núcleo especializado a existência de uma milícia na região central de São Paulo, denominada ‘Cracolândia’, formada por guarda civis metropolitanos da capital que extorquiam comerciantes em troca de ‘proteção’ contra delitos patrimoniais praticados por adictos”, escreveram os investigadores.
Além dos promotores do MPSP e do prefeito Ricardo Nunes, a coletiva de imprensa contou com a participação do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), de representantes das forças de segurança do Estado, entre outras autoridades.
"São 44 mandados de interdição, ou seja, terão as atividades encerradas. Vamos interditar esses locais. São hotéis que vão deixar de funcionar, são 20 hotéis, são 15 ferros-velhos e pontos de reciclagem (...) A gente está falando em três estacionamentos e um escritório de contabilidade, além de lojas que faziam a receptação de celulares e outras mercadorias roubadas", explicou Tarcísio de Freitas.
*Júlio Costa Barros é jornalista.