No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal afirma que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) montou uma organização criminosa para desviar mais de R$ 6 milhões a partir da venda ilegal de presentes recebidos por ele em visitas oficiais a outros países enquanto Chefe de Estado.
Além disso, a PF aponta que auxiliares de Bolsonaro venderam os presentes oficiais, que pertencem ao Estado, e entregaram o valor adquirido com as ações ilegais em dinheiro vivo para o ex-presidente.
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A investigação da Polícia Federal estima o valor total das joias investigadas em US$ 1.227.725,12 , o que convertido para reais, corresponde a R$ 6,8 milhões.
"Identificou-se, ainda, que os valores obtidos dessas vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e ingressavam no patrimônio pessoal do ex-presidente da República, por meio de pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal, com o objetivo de ocultar a origem, localização e propriedade dos valores", diz trecho do relatório da PF, tornado público nesta segunda-feira (8) pelo ministro do STF, Alexandre de Moraes.
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Bolsonaro e mais 11 pessoas são indiciadas no caso das joias
A Polícia Federal indiciou nesta quinta-feira (4) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no caso das joias furtadas do acervo público da Presidência da República que foram enviadas ao exterior para serem vendidas. Os investigadores concluíram o inquérito e enviaram os autos ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, relator da ação, que agora encaminhará tudo à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que o antigo ocupante do Palácio do Planalto seja levado ao banco dos réus.
Bolsonaro deve responder pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e apropriação de bens públicos. Junto com ele, outras 11 pessoas foram indiciadas. São elas Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-chefe da Secom, Frederick Wassef, também advogado do ex-presidente e de outro integrantes de sua família, Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia e almirante da reserva da Marinha, José Roberto Bueno Júnior, outro oficial-general da Marinha e ex-chefe de gabinete da pasta comandada por Albuquerque, Julio Cesar Vieira Gomes, ex-secretário da Receita Federal, Marcelo da Silva Vieira, ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência na gestão de Bolsonaro, Marcelo Costa Câmara e Osmar Crivelatti, ex-assessores pessoais de Bolsonaro, Marcos André dos Santos Soeiro, militar da Marinha e ex-assessor do ministro de Minas e Energia, o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, antigo ajudante de ordens do ex-presidente, e o pai deste último, Mauro Cesar Lourena Cid, general da reserva do Exército Brasileiro e homem de confiança do último mandatário nacional.
A investigação contou com o auxílio, desde abril deste ano, do FBI, espécie de polícia federal dos EUA, uma vez que parte das joias desviadas foi parar em território norte-americano e chegou até mesmo a ser negociada e vendida lá. Mauro Cid disse em sua delação que seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, teria dado um pacote de dólares a Bolsonaro em setembro de 2022, durante uma viagem oficial do então chefe de Estado a Nova York, por ocasião da cerimônia de abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas. O dinheiro seria fruto da venda de um relógio de luxo da marca Rolex.
A somatória das penas de todos os crimes pode resultar numa condenação elevada para Bolsonaro, que tem grandes chances de ser colocado na cadeia em caso de uma sentença em seu desfavor. O ex-presidente não se pronunciou até o momento sobre o indiciamento pela PF.