Pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (5) mostra que o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o candidato do PSOL, Guilherme Boulos, estão empatados, com 24% e 23% das intenções de voto, respectivamente.
No entanto, o deputado federal Guilherme Boulos se sai melhor na espontânea, quando não é apresentado o nome de nenhum candidato ao entrevistado: nela, o candidato do PSOL aparece com 14% das intenções de voto. Já o prefeito Ricardo Nunes aparece com 8% das menções.
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Atrás de Boulos e Nunes há um pelotão que briga dentro da margem de erro: Datena (PSOB) aparece com 11%, seguido de Pablo Marçal (PRTB) com 10%, Tabata Amaral (PSB) que tem 7%, e Maria Helena (Novo), que registra 5%. Todos estão empatados dentro da margem de erro.
Posterior ao pelotão que briga pela terceira colocação, surge o deputado Kim Kataguiri (União), que desidratou e aparece com apenas 3% dos votos. Tal colocação deve fazer surgir uma imensa pressão para que desista de sua candidatura.
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Nunes encerra ciclo de inaugurações de obras
A sequência de pesquisas do Datafolha sobre a disputa eleitoral pela prefeitura da cidade de São Paulo revela o seguinte cenário: o prefeito Ricardo Nunes, que busca um novo mandato, investiu pesado em publicidade, transformou a capital paulista num canteiro de obras e, mesmo assim, não conseguiu ultrapassar Guilherme Boulos. Eles seguem empatados.
O cenário é desolador para Ricardo Nunes, pois, a partir de agora, não poderá mais inaugurar obras e nem participar de eventos com os seus aliados políticos. Ou seja, Nunes agora vai deixar de se “esconder” atrás da máquina, no caso, o gabinete da prefeitura de São Paulo, e ir a campo disputar o pleito com Boulos. Agora, Nunes é "oficialmente" candidato: sem obras, sem máquina.
Se Ricardo Nunes a partir de agora enfrenta o "pesadelo" de ser, de fato, candidato à reeleição, Guilherme Boulos ingressa o caminho inverso, pois, agora poderá iniciar uma disputa de igual para igual com o representante do bolsonarismo na capital paulista.
Além disso, com as convenções partidárias e o começo oficial das campanhas, Boulos conta com uma vice, a ex-prefeita Marta Suplicy, que muito deve agregar à sua campanha, visto que até hoje Marta é a melhor prefeita avaliada pelos paulistanos, e isso em variadas regiões da capital, centro e periferias.
Com tal cenário, podemos afirmar que a disputa pela prefeitura da cidade de São Paulo começa “oficialmente” e ela está polarizada: de um lado, Ricardo Nunes, que até agora não se apresentou como candidato e se escondeu atrás de obras; do outro, Guilherme Boulos, o candidato do presidente Lula e que tem como vice a ex-prefeita Marta Suplicy, até hoje considerada a melhor gestora da capital paulista.
Nunes enfrenta crise com aliados
Herdeiro do mandato deixado pelo tucano Bruno Covas, vítima de um câncer em maio de 2021, Ricardo Nunes (MDB) tem ficado cada dia mais isolado em sua candidatura de extrema-direita, com tímido apoio de Jair Bolsonaro (PL), na capital paulista.
Após o "coach" Pablo Marçal (PRTB) implodir a base bolsonarista e surrupiar boa parte das intenções de votos, Nunes agora enfrenta um possível abandono do União Brasil.
A sinalização foi feita pelo veterano Milton Leite (União), presidente e líder do governo na Câmara Municipal de São Paulo, que afirmou que está aberto a conversar com Marçal, José Luiz Datena (PSDB), Tabata Amaral (PSB) e até mesmo com Guilherme Boulos (PSOL), candidato de Lula que está à frente das pesquisas.
Em entrevista ao jornal O Globo, Leite disse que o prefeito "sabe das dores de cabeça dele", sem dizer a razão do afastamento, e se mostrou "aberto" a negociar com "todas as opções que estão na mesa".
"Reafirmo meu compromisso com o Ricardo Nunes, o União segue no governo Ricardo Nunes, mas o diálogo está aberto e todas as opções estão na mesa", disse Leite.
O principal motivo do atrito tem nome: Jair Bolsonaro (PL). Leite teria se desentendido com Nunes após o prefeito ceder a pressão do ex-presidente e aceitar o nome do coronel Mello Araújo, do PL, como vice.
Leite teria se oferecido para o posto e queria, ao menos, que fosse um indicado do União. O acordo entre os dois resultaria na retirada da pré-candidatura de Kim Kataguiri (União), apoiado pela ala ligada ao MBL do partido.
A decisão vai ser anunciada no dia 20 de julho durante a convenção do União. Leite pretende ainda arrastar outros 11 partidos de direita com a sigla.