A mudança de tom no discurso adotada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) ontem (22) na convenção do PL para oficializar o ex-PM coronel Ricardo Mello Araújo (PL) como vice prosseguiu nesta terça-feira (23), indicando a bolsonarização do candidato que busca o voto da extrema-direita. Nunes manteve a agressividade ao se referir ao seu principal adversário pela Prefeitura de São Paulo, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Apesar de seguir usando termos agressivos ao falar do pré-candidato psolista, o prefeito tentou se descolar do rótulo de bolsonarista. "O meu tom é o mesmo tom que eu sempre tive. Eu sou uma pessoa muito respeitosa", desconversou durante a abertura de um evento do setor de panificação, na zona norte da capital.
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O nome do coronel Mello Araújo para vice de Nunes foi oficializado na segunda-feira (22) durante a convenção municipal da legenda liderada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que impôs o nome do ex-comandante da Rota como condição para embarcar na campanha à reeleição do atual prefeito de São Paulo.
No evento para anunciar o "noivado político" – expressão utilizada por Bolsonaro – entre Ricardo do MDB e Ricardo do PL, o prefeito chamou a atenção pela clara bolsonarização do seu discurso. A postura demonstra alinhamento cada vez mais afinado entre o emedebista e o seu principal padrinho político para o pleito de 6 de outubro.
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"Quero agradecer a cada um dos senhores por dar esse voto de confiança para que a gente possa dar continuidade ao trabalho e vencer esse invasor, esse vagabundo, desse sem-vergonha", disse Nunes na ocasião, referindo-se a Boulos.
As pesquisas de intensão de voto para a prefeitura de São Paulo divulgadas nos últimos meses por diversos institutos têm mostrado Nunes e Boulos empatados – sendo que alguns levantamentos indicam vantagem do deputado federal sobre o prefeito.
Segundo aliados de Nunes, a situação tem tirado o sono do pré-candidato do MDB. Isso porque o prefeito acreditava que ter a máquina pública nas suas mãos, aliada à estratégia de inaugurações em massa, deveriam já ter resultado em uma larga vantagem nas pesquisas sobre o pré-candidato do PSOL. Entretanto, a realidade tem sido muito diferente.
*Júlio Costa Barros é jornalista