ELEIÇÕES 2024

Agressão à esposa: Ricardo Nunes se enrola e mente para justificar mentira sobre B.O.; VÍDEO

Nunes criou a nova fake news para tentar rebater a adversária, Tabata Amaral. Na nova versão, ele alega que disse que a história, e não o documento, foi forjado. No entanto, ele disse textualmente: "não existe esse boletim de ocorrência"

Ricardo Nunes no vídeo de resposta a Tabata Amaral: nova mentira sobre agressão a esposa.Créditos: Rede X Ricardo Nunes / Bruno Spada Câmara dos Deputados
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A emenda saiu pior que o soneto. Ricardo Nunes (MDB), candidato de Jair Bolsonaro (PL) à prefeitura de São Paulo, voltou a mentir em vídeo publicado nas redes sociais pra tentar justificar a mentira dita durante sabatina do Uol no último dia 15, quando declarou que o boletim de ocorrência em que a atual esposa Regina Carnovale Nunes relata que foi agredida por ele é "forjado".

Se vitimizando, Nunes criticou a adversária, Tabata Amaral (PSB), que também na sabatina do Uol, nesta sexta-feira (19), falou da gravidade da mentira dita pelo prefeito.

"Isso é grave porque ele vem num espaço tão importante quanto esse e mente na cara das pessoas. É grave porque ele desmente e desautoriza o trabalho da Polícia Civil, que foi no dia seguinte dizer 'o prefeito Ricardo Nunes está mentindo e o BO existe", disse a pessebista.

No entanto, na nova publicação, Nunes  produziu uma nova fake News, afirmando que o "eu disse, após insistência das entrevistadoras, que a história criada sobre o boletim de ocorrência de 2011 (13 anos atrás) é uma história forjada".

"Em nenhum momento, afirmei que aquele BO é falso como documento. O que eu disse na entrevista é que o seu conteúdo tem informação que não corresponde à realidade", mentiu o prefeito.

"Não existe esse boletim de ocorrência"

Em sua resposta à pergunta das jornalistas, no entanto, Nunes afirmou com todas as letras que "não existe esse boletim de ocorrência".

"É uma irresponsabilidade falar de uma coisa dessas", atacou Nunes. "A Regina disse que ela não fez, ela contratou um advogado, o advogado entrou com petição, veio a resposta delegacia que não existe esse boletim de ocorrência", afirmou - veja aqui.

Nunes, então, foi confrontado pela jornalista Carolina Linhares da Folha: "esse boletim de ocorrência existe, prefeito, e nós temos ele aqui e posso ler para o senhor ele na íntegra".

Tentando esconder o nervosismo, Nunes segue mentindo. "Oh, Carol. Eu vou te dar o documento onde a delegada diz que não existe esse documento lá", reiterou Nunes, enfatizando a mentira.

Em seguida, Raquel Landim indaga: "a pergunta é o boletim de ocorrência é forjado?"

"É óbvio que é forjado", rebateu, mostrando irritação e repetindo a narrativa.

"A Regina falou para a Folha de S.Paulo, em nota assinada de próprio punho, em 15 de outubro de 2020: 'sobre o boletim, eu estava em um momento difícil, muito sensível e acabei vendo coisas que não são reais'. Ela não disse que não fez o boletim. Ela confirma que fez o boletim", rebateu Carolina. "Por que o senhor diz isso agora?", indagou a jornalista.

"Eu não estou dizendo. É ela quem está dizendo", afirmou Nunes, se vitimizando em seguida.

"Como é lamentável vocês fazerem uma coisa dessas. Isso é um desrespeito [inaudível], isso é um desrespeito com ela", afirmou, atacando as jornalistas.

SSP confirma a existência do documento

Sob o comando do bolsonarista radical Guilherme Derrite, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) confirmou, em nota à Folha, que o prefeito mentiu ao dizer que o boletim de ocorrência não existia.

Na nota, a secretaria do governo Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos) - teoricamente um aliado de Nunes - confirma que "o caso em questão foi registrado pela 6ª Delegacia de Defesa da Mulher, em fevereiro de 2011".

"Na ocasião, a vítima compareceu na unidade especializada para comunicar os fatos e a ocorrência foi encaminhada à Delegacia de Embu Guaçu, responsável pela área dos fatos", emenda o governo Tarcísio.

A SSP também desmente a informação de Nunes, de que o boletim não seria válido por não contar com a assinatura da esposa, que à época assinava como Regina Maia Carnovale -  atualmente, ela usa o nome de casada.

"A Polícia Civil destaca que os boletins de ocorrência registrados, seja via internet ou em delegacias físicas, são submetidos a diversos procedimentos que garantam sua legitimidade", diz.

Falsa comunicação de crime

A deputada Luciene Cavalcante (PSOL-SP) entrou com representações no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no Ministério Público de São Paulo (MP-SP) e na corregedoria da Polícia Civil denunciando Nunes por falsa comunicação de crime.

"A gravidade de tal ilícito eleitoral ganha outros patamares na medida em que, ao afirmar durante sua sabatina que o documento público comprovadamente verdadeiro é falso, a conduta do Representado beira o delito de comunicação falsa de crime, já que comunica a existência de crime ou contravenção que sabe não ter ocorrido, qual seja: a falsificação de boletim de ocorrência pelas instituições democráticas do estado", diz a representação.

Luciene Cavalcante afirma que a mentira dita por Nunes "confunde os eleitores - com o único intuito de limpar e fortalecer a sua imagem em prol da sua recandidatura - e incita desconfiança quanto às instituições democráticas do estado, acabando por macular a lisura do processo eleitoral".

A deputada pede o pagamento de multa pelo prefeito e a retirada da informação das redes sociais.

Além disso, caso condenado, Nunes teria fazer uma retratação pública, admitindo que o boletim de ocorrência em que a esposa comunica que foi agredida por ele é verdadeiro.