A bomba implantada na extrema-direita paulistana com a pré-candidatura de Pablo Marçal (PRTB) nas eleições à Prefeitura de São Paulo acaba de implodir o apoio de bolsonaristas ao atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
O "coach" disputa abertamente o apoio de Jair Bolsonaro (PL) - produzindo inclusive fake News sobre isso. No entanto, o ex-presidente se viu forçado a embarcar na candidatura de Nunes por um acordo já firmado por Valdemar da Costa Neto, presidente do PL.
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Com Marçal na disputa, o bolsonarismo rachou. Além disso, Nunes tem resistido em colar sua imagem à do ex-presidente, que é rejeitado por 64% dos paulistanos, segundo a última pesquisa DataFolha.
No entanto, o próprio Costa Neto agora sinaliza que pode abandonar Nunes no caminho, mandando acenos a Marçal.
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Em entrevista ao Painel, da Folha de S.Paulo, nesta quinta-feira (18), o presidente do PL nega que esteja trabalhando contra a candidatura de Marçal e diz ter esperanças de que o coach se filie à sigla que abriga o clã Bolsonaro.
"Não é verdade que estou trabalhando para tirar o Marçal do páreo eleitoral em São Paulo", disse Costa Neto, emendando com seu desejo sobre o coach.
"Nunca na minha vida fui desleal com ninguém e jamais seria com o Pablo Marçal, que tenho a esperança que um dia venha para o nosso partido", emendou.
Fake News
Nesta quarta-feira (17), Eduardo Bolsonaro (PL-SP) minimizou uma fake News criada por Marçal a partir da edição de uma entrevista que deu falando sobre a sucessão em São Paulo.
"Pablo Marçal postou um recorte malicioso de uma entrevista minha para a Gazeta do Povo, onde ele seleciona apenas os trechos onde eu comento sobre a parte positiva a respeito dele, removendo as ressalvas que fiz. No final, digo: "é mais ou menos por aí que eu escolheria meu candidato", e esse trecho dá a entender que eu votaria nele, quando na verdade eu me referia a todo o contexto (parte negativa e positiva)", diz o filho "02" de Bolsonaro, que tem Nunes como candidato "oficial" em São Paulo.
Eduardo mostra uma certa mágoa com Marçal, que teria ficado em cima do muro, segundo ele, nas eleições de 2022.
"Apesar de, na eleição de 2018, eu ter encontrado Marçal num carro de som junto com Bolsonaro, em 2022 ele postou "nem Lula e nem Bolsonaro". Não sei motivo disso, afinal, sendo empresário, uma de suas prioridades deveria ser o sensacional ambiente para empreender promovido por Bolsonaro e Paulo Guedes. Mas cada um tem direito a sua opinião, sendo certo que elas acarretam consequências", diz um conciliador Eduardo.
Por fim, o deputado tenta minimizar a manipulação feita por Marçal.
"Apesar disso, busco não fazer política considerando sentimentos pessoais, e torço para que as experiências, ainda que ruins, nos façam amadurecer", concluiu Eduardo
Entenda
Marçal entrou na disputa e rachou a extrema-direita, cooptando uma parcela considerável dos eleitores de Jair Bolsonaro (PL), que oficialmente apoia o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB).
Em entrevista no último dia 10, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) foi indagado sobre qual a opinião dele a respeito da pré-candidatura do "coach".
O filho "02" de Bolsonaro disse ter "pé atrás", criticou o "coach" pela posição em 2022 -“Ele estava apostando ‘nem Lula, nem Bolsonaro’” - e o comparou a Joice Hasselmann, ex-deputada que teria aproveitado a onda bolsonarista para se eleger e é considerada traidora pelo clã.
"Não estou falando que é a mesma pessoa, mas é tipo uma Joice Hasselmann. Mas, estou dando um exemplo bem extremo para as pessoas relembrarem que não basta você dizer 'sou Bolsonaro', a favor dessa ou daquela pauta. A pessoa tem que ser testada através do tempo. É mais ou menos por ai que eu escolheria um candidato”, disse Eduardo.
No entanto, Marçal usou de uma tática pulverizada pelo clã e editou o vídeo para distorcer a fala do filho de Bolsonaro, como se ele tivesse afirmado que o apoia.
"Marçal, as pessoas enxergam nele aquele cara que ajudou o Rio Grande do Sul. Tem que ser dado o devido mérito", inicia Eduardo, que foi investigado com o coach pelas mentiras sobre a tragédia climática no Estado.
"O Pablo Marçal ele enxergou ali que existe um vácuo na direita", segue o vídeo, que tem um corte de edição neste momento. "O Nunes não conseguiu abraçar essas bandeiras, ficou muita história de vem para lá, vai para cá, nessa história da indicação do vice ou do próprio apoio do Bolsonaro", diz Eduardo no vídeo, que tem novo corte.
"E o Pablo Marçal, ele tem uma maneira inteligente de enxergar que existe uma lacuna nesse meio. É o cara que vai preencher essas questões da direita, se colocando também como alternativa ao Melo Araújo [vice de Nunes indicado por Bolsonaro] na parte da segurança", segue o vídeo, com várias edições.
Ao final, a equipe de Marçal cola a frase de Eduardo, que dá a conotação de que ele apoia o coach e não Nunes. "Acho que é mais ou menos por ai que eu escolheria um candidato".
Para ilustrar o vídeo, Marçal colocou uma foto em que recebe a medalha de "imbrochável" de Jair Bolsonaro.