ORCRIM BOLSONARISTA

Eduardo Bolsonaro colocou Ramagem na comissão do Congresso que fiscaliza Abin

Ao lado de Eduardo na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência, Ramagem subscreveu requerimento pedindo informações sobre operação Última Milha, da PF, três meses antes de virar alvo de busca e apreensão

Ramagem e Eduardo Bolsonaro na CPMI do 8 de Janeiro no Senado.Créditos: Geraldo Magela/Agência Senado
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Líder da minoria na Câmara de março de 2023 a fevereiro de 2024, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) indicou o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) como membro titular da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), que tem como principal atribuição fiscalizar a atuação da Agência Brasileira de Inteligência, a Abin.

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O filho "03" de Jair Bolsonaro assumiu a liderança da minoria em 21 de fevereiro de 2023. No dia 2 de maio, Eduardo indicou Ramagem para a comissão.

A CCAI tem seis membros, sendo 3 senadores e 3 deputados. Uma das vagas da Câmara é ocupada pelo líder da minoria, que tem direito a indicar um segundo deputado para a vaga.

Eduardo assumiu como membro titular da comissão em abril de 2023 e indicou, no mês seguinte, o deputado eleito pelo Rio de Janeiro.

Ex-diretor da agência e fiel escudeiro do clã Bolsonaro, Ramagem está no centro das investigações sobre a chamada Abin Paralela, uma estrutura montada por Carlos Bolsonaro durante o governo do pai para monitorar desafetos, jornalistas e até aliados do ex-presidente, que viravam alvo do Gabinete do Ódio.

Membros da CCAI em relatório de 2023 da Comissão (Reprodução)

Abin Paralela

Durante sua passagem pela Comissão, Ramagem apresentou cinco requerimentos e foi coautor de um deles - REQ 18/2023.

De autoria do tucano Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP), o requerimento subscrito por Ramagem teve como objetivo solicitar "informações, e inteiro teor de inquéritos referente à Operação Última Milha da Polícia Federal".

A Operação é justamente a que tem Ramagem como principal alvo por, juntamente com Carlos Bolsonaro, implantar os sistema de arapongagem ilegal na agência subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, que foi comandado pelo general Augusto Heleno.

"Requeiro aos órgãos de fiscalização e controle, e de investigação, quais sejam: (ii) Controladoria Geral da União, (iii) Polícia Federal e (iv) Supremo Tribunal Federal, o envio da integralidade de informações constantes tanto na Correição
Extraordinária realizada pela CGU, bem como o Inquérito Investigativo instaurado pelo STF, no âmbito da Operação Última Milha", diz o documento.

Entre os itens, o requerimento determina o envio do "detalhamento do critério de seleção de alvos para os monitoramentos, incluindo a identificação das instâncias ou indivíduos que proferiram as ordens para a execução dessas ações individualmente".

Ou seja, Ramagem pediu informações sobre a operação que o investigava. 

O requerimento foi apresentado e aprovado em 25 de outubro de 2023, cinco dias depois da Polícia Federal desencadear a primeira fase da Operação Última Milha. 

Três meses depois, em 25 de janeiro de 2024, a PF desencadeou a Operação Vigilância Aproximada, que teve Ramagem e Carlos Bolsonaro como principais alvos.

Durante a ação, a PF apreendeu um telefone celular e um notebook pertencentes à Abin em um dos endereços de Ramagem.