FASCISMO BOLSONARISTA

Abin Paralela: quem são os presos pela PF no esquema de Carlos Bolsonaro e Ramagem

O esquema, apelidado de Abin Paralela, tinha como objetivo monitorar ilegalmente adversários políticos, jornalistas e até aliados próximos de Jair Bolsonaro. Os desafetos viravam alvos do Gabinete do Ódio

Marcelo de Araújo Bormevet, ?Matheus Sposito e Richards Dyer Pozzer, presos pela PF.Créditos: Linkedin
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A Polícia Federal cumpriu quatro dos cinco mandados de prisão preventiva emitidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), até às 9h40 desta quinta-feira (11) na 4ª fase da Operação Última Milha, que investiga o esquema de arapongagem montado por Alexandre Ramagem e Carlos Bolsonaro (PL-RJ) na Agência Brasileira de Informação, a Abin.

O esquema, apelidado de Abin Paralela, tinha como objetivo monitorar ilegalmente adversários políticos, jornalistas e até aliados próximos de Jair Bolsonaro (PL). Os desafetos viravam alvos do Gabinete do Ódio, que propagava fake news e discurso de ódio nas redes.

Entre os presos na operação da PF estão:

- Giancarlo Gomes Rodrigues: subtenente do Exército que foi cedido para a Abin, Rodrigues foi alvo da operação de janeiro, que teve como principal alvo o filho "02" de Bolsonaro. Ele teria sido o responsável, segundo a PF, por monitorar de forma ilegal o advogado Roberto Bertholdo, próximo de Joice Hasselmann e Rodrigo Maia, que se tornaram desafetos do ex-presidente. Na primeira operação foram apreendidas na casa dele uma arma, pelo menos 10 celulares e três computadores, um deles da Abin. Antes de atuar na Abin, o militar foi lotado no Gabinete de Segurança Institucional (GSI) no governo golpista de Michel Temer (MDB);

-  Marcelo de Araújo Bormevet: ex-agente penitenciário no Distrito Federal, Marcelo entrou para a Polícia Federal em 2005 e atuou na Abin como coordenador-geral de Credenciamento de Segurança e Análise de Segurança Corporativa, que seria "uma agência clandestina operando dentro da oficial". Bormevet seria ainda o responsável pela elaboração de dois relatórios do orgão de espionagem público com o objetivo de "defender Flávio Bolsonaro no caso Alerj”.

- Mateus Sposito: videomaker, atuou na Coordenação de Vídeo da Presidência da República trabalhando diretamente no chamado Gabinete do Ódio. Ele já foi investigado e teve o sigilo quebrado  pela CPI da Covid como um dos "responsáveis por “executar estratégias de confronto ideológico e de radicalização dos ataques nas redes sociais contra adversários”.

- Richards Dyer Pozzer (Dedé Pozzer): gestor de produção industrial, Pozzer atua como influenciador digital e propaga conteúdo do Gabinete do Ódio na horda bolsonarista. Investigado na CPI da Covid, o influencer associou o senador Rogério Carvalho (PT-SE) à prática de “rachadinhas” no gabinete do parlamentar e teve que apagar a postagem por se tratar de fake News.

A polícia ainda busca um quinta alvo de mandado de prisão:

- Rogério Beraldo de Almeida: dono de perfis conhecidos na horda bolsonarista como “Dallas Cowboy” ou “DallasGin”, que atuaria sob o comando do Gabinete do Ódio. Em 2021, os perfil desferiu ataques contra o senador Humberto Costa (PT-PE). “O que é que esse cidadão faz? Ele pega notas que foram ressarcidas para funcionários – porque qualquer funcionário, pela resolução do Senado, pode pagar uma despesa e ser ressarcido dessa despesa – e cria a invencionice de que isso é rachadinha”, disse o senador à época.

Também estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, expedidos pelo Supremo Tribunal Federal, nas cidades de Brasília/DF, Curitiba/PR, Juiz de Fora/MG, Salvador/BA e São Paulo/SP.

Segundo a PF, o objetivo da ação é desarticular organização criminosa voltada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando-se de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

"Nesta fase, as investigações revelaram que membros dos três poderes e jornalistas foram alvos de ações do grupo, incluindo a criação de perfis falsos e a divulgação de informações sabidamente falsas. A organização criminosa também acessou ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos", diz a PF em nota.

Os investigados são acusados pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivo informático alheio.