Discursando no imenso auditório da reitoria da Universidade de Lisboa, em Portugal, nos momentos finais do 12° Fórum de Lisboa, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, fez um discurso duríssimo e inflamado falando sobre o autoritarismo que avança pelo mundo, que não é novo, e que recentemente colocou o Brasil em risco de ruptura institucional. Até o ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça e corregedor-geral do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que mediava o debate, ressaltou a coragem de Moraes em enfrentar os radicais de extrema direita que pretendiam manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo depois de ser derrotado por Lula (PT) nas urnas.
Moraes fez uma vasta explanação, citou conceitos históricos e políticos para retratar o fascismo e o nazismo, e teceu um raciocínio transversal para demonstrar como esses grupos hoje seguem ativamente nas redes sociais, num fenômeno que ele denominou como “extremismo digital”. O ministro lembrou ainda que o golpismo segue uma cartilha antiga em todo mundo.
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“O manual do ditador é sempre igual, começa sempre igual, e com diferença entre um país ou outro, termina sempre igual também, não dando certo. Tentaram agora também novamente na Bolívia. Mas há um manual: vamos desacreditar quem pode ser o obstáculo, desde a Segunda Guerra Mundial: o Judiciário. E há três formas: Primeiro, cooptação... Você traz para seu lado as cortes supremas, o que forma uma verdadeira oligarquia. A complementação. Se você não consegue cooptar, você consegue complementar. Vamos mudar a composição. Vamos aumentar o número [de juízes], e qualquer semelhança é mera coincidência. O AI-2 fez isso, subiu de 12 para 16 [os ministros do STF]... Há poucos anos no Brasil se discutia de novo aumentar para 16 os juízes do Supremo... Ou pode diminuir também, como a Polônia fez... E vamos ao terceiro método: Confrontar. E foi exatamente o que aconteceu no Brasil. Confronto aberto, direto, utilizando as redes sociais para desacreditar, para ofender, para ameaçar... E não só ao Judiciário como instituição, mas aos juízes como pessoas, e as famílias dos juízes, principalmente do Supremo Tribunal Federal”, relembrou o magistrado da mais alta corte judicial do Brasil.
Para quem pensa que ele se sente intimidado, Moraes deixou “a melhor parte” para o final. Sob aplausos retumbantes, o ministro afirmou que o Judiciário, na figura do Supremo Tribunal Federal, garantirá que todos os golpistas paguem pela tentativa de golpe de Estado que levaram a cabo no país.
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“Só que eles não contavam com uma coisa. Com o fato do Supremo Tribunal Eleitoral ser independente. O poder Judiciário brasileiro é corajoso. O Judiciário brasileiro, sob a chefia institucional do Supremo Tribunal Federal, soube dentro de todas as regras constitucionais reagir às agressões, soube fazer valer a Constituição. Garantiu as eleições, garantiu a transição, garantiu a posse... E vai garantir a responsabilização de todos os culpados pelo dia 8 de janeiro”, disparou Moraes.