O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participou nesta sexta-feira (28) do último dia do 12° Fórum de Lisboa. O economista, um aliado de Jair Bolsonaro (PL), que advoga abertamente em favor do “mercado” e é o garantidor maior dos juros astronômicos no Brasil, seguiu a cartilha de sempre: um “economês” rebuscado para concluir que gastos e investimentos públicos pioram a saúde financeira do país, repetindo inúmeras vezes o dogma da “responsabilidade fiscal”.
Antes mesmo de dar início à sua participação na mesa de debate que aconteceria no grandioso auditório da reitoria da Universidade de Lisboa, a assessoria de Campos Neto já afirmou que ele não falaria uma só palavra à imprensa. Ao encerrar sua fala e sair, foi perseguido pelos jornalistas, mas reiterou que não responderia e ainda disse que tudo que havia proferido na conferência era de “caráter geral” e “não sobre o Brasil”.
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“Claro que os mercados têm que operar de forma mais livre. Outro dia eu estava em uma reunião com vários banqueiros centrais e disseram assim: olha, as coisas estão bem porque os mercados estão absorvendo bem esse choque e esses juros mais altos. E minha primeira reação foi [de pensar] ‘o mercado tá absorvendo bem porque nós somos o mercado, a gente nunca teve tanto banco central no mundo com balanços tão grandes e negociando tantos títulos e obrigações dos mercados’... Então, no final das contas, o problema é quando você tem o setor público muito grande no mercado... Você tira a informação do preço, e a informação do preço no mercado é muito importante para quem faz política econômica, para entender de onde estão vindo os problemas”, afirmou Campos em sua intervenção.
Cada dia chafurdando no ninho bolsonarista, o presidente do Banco Central já teve até encontros amistosos e insuspeitos com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o bolsonarista que possivelmente encampará uma corrida presidencial daqui a dois anos e meio pela extrema direita, uma vez que Jair Bolsonaro, seu padrinho, está inelegível.
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Mesmo visto como um player no universo bolsonarista, Campos Neto rejeitou na quinta-feira (28) que esteja sendo sondado para ser ministro da Fazendo num eventual governo de Tarcísio se um dia o carioca que administra São Paulo se torne presidente.
“É importante dizer que eu nunca tive nenhuma conversa com o Tarcísio sobre ser ministro de nada. Eu nunca disse isso, nem o Tarcísio”, afirmou.