REGRESSO

PMs vão dar aulas de “política e cidadania” em escolas cívico-militares de Tarcísio

Segundo Ministério Público Federal (MPF), projeto viola uma série de princípios; agentes poderão ser acionados em casos de “interesse policial”

Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo.Créditos: Governo de SP e Comunicação Social PMESP
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A partir de 2025, o projeto de escolas cívico-militares do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) incluirá policiais militares como “instrutores”. Eles abordarão temas como os Três Poderes e as distinções entre os papéis do presidente, dos deputados e dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Durante o contraturno escolar, as turmas terão acesso a uma atividade de duas horas que abrangerá temas ligados "à ética e ao civismo"

Além de ensinar sobre a “estrutura dos poderes”, os policiais abordarão conteúdos sobre "valores cidadãos", "habilidades para o exercício da cidadania" e "direitos e deveres do cidadão"

Os temas que serão responsabilidade dos militares ainda estão detalhados em uma resolução assinada na última quinta-feira (20) pelo secretário-executivo da Educação, Vinícius Neiva, e pelo secretário de Segurança Pública de São Paulo Guilherme Derrite, investigado por 16 homicídios em operações dos quais participou quando era policial, como aponta um levantamento da revista Piauí.

De acordo com a resolução, os monitores militares serão encarregados de ministrar atividades extracurriculares, promover a "cultura de paz" nas escolas e assegurar um ambiente "organizado e disciplinado". Além disso, serão responsáveis por mediar conflitos entre os estudantes e situações "de interesse policial".

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Tarcisio imita Ratinho Jr. e privatiza escolas públicas

Em dois lotes, 33 novas unidades de Ensino Médio e Ensino Fundamental II serão entregues à iniciativa privada, conforme mencionado no decreto autorizado pelo governador de São Paulo no Diário Oficial do Estado. Serão mais de 30 escolas em 29 municípios. O primeiro lote de escolas será distribuído entre os municípios de Araras, Bebedouro, Campinas, Itatiba, Jardinópolis, Lins, Marília, Olímpia, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Claro, São José do Rio Preto, Sertãozinho e Taquaritinga. 

Já o segundo lote terá 16 unidades de ensino localizadas em Aguaí, Arujá, Atibaia, Campinas, Carapicuíba, Diadema, Guarulhos, Itapetininga, Leme, Limeira, Peruíbe, Salto de Pirapora, São João da Boa Vista, São José dos Campos, Sorocaba e Suzano. O modelo de privatização em SP foi claramente exportado do Paraná. O ex-executivo da empresa de tecnologia Multilaser, Renato Feder, foi Secretário de Educação durante o primeiro mandato do governador Ratinho Jr e também de Beto Richa (PSDB)

Ele tentou privatizar e militarizar a educação paranaense e só não conseguiu em razão da forte resistência dos professores na época. Infelizmente, o contexto se repetiu este ano e culminou na aprovação do PL no último dia 3, sob intensa violência da polícia aos professores, que levou a uma greve nas escolas paranaeses, como lembra esta matéria da Fórum.