Em entrevista à Revista Veja neste domingo (23), o prefeito Sebastião Melo (MDB) divulgou uma fake news sobre o envio de verba do governo federal a Porto Alegre, uma das cidades mais atingidas pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.
Questionado sobre a posição contrária do ministro Paulo Pimenta sobre as chamadas "cidades provisórias", Melo declarou que o governo federal, sob a gestão de Lula, "não compra imóvel, não apresenta alternativa e ainda não coloca um centavo nos abrigos".
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Após a declaração do prefeito, o governo veio a público desmentir a afirmação. De acordo com informações do site oficial da Secretaria de Comunicação, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) destinou R$ 3,11 milhões em recursos para a prefeitura de Porto Alegre para alimentação, abrigo e serviços de acompanhamento social.
É mentira que o Governo Federal não dedicou recursos para os abrigos em Porto Alegre. A verdade é que o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) destinou R$ 3,11 milhões em recursos para a prefeitura da capital gaúcha atender às demandas básicas da população por alimentação, abrigo e serviços de acompanhamento social.
O governo ainda informou que cerca de 25 mil moradores já foram atendidos com os repasses na capital gaúcha. Até sexta-feira (20), o MDS disponibilizou mais de R$ 28,8 milhões para 97 municípios que solicitaram o recurso para estruturar e manter alojamentos provisórios. Além disso, já são 154.573 mil pessoas acolhidas nesses locais, desde o início das chuvas intensas no estado.
Cidades provisórias
As chamadas "cidades provisórias" foram propostas pelo governador Eduardo Leite (PSDB) para atender famílias desabrigadas pelas enchentes em alguns municípios, como Porto Alegre, Canoas, Guaíba e São Leopoldo.
As estruturas, como o nome sugere, seriam temporárias até que as famílias tivessem acesso a políticas de habitação. Elas teriam dormitórios individuais, áreas comunitárias como cozinhas e banheiros, e espaços para as crianças.
Porém, entre as principais críticas ao modelo, como expostas pela deputada estadual Laura Sito (PT-RS) e pela vereadora Karen Santos (PSOL-RS), é que as cidades provisórias seriam um "depósito para desabrigados".
“Porto Alegre tem centenas de áreas ociosas, as pessoas não podem sair de abrigos para serem jogadas em barracas. Precisam de moradia provisória, mas com dignidade. É desumano fazer o jogo da especulação imobiliária em meio a uma tragédia”, afirmou a deputada em postagem no Instagram, no dia 15 de maio.
Já a vereadora questionou:“O Complexo cultural Porto Seco não é um espaço ocioso, historicamente abandonado pelos poderes públicos, [que] foi ressignificado com a presença do carnaval. É momento de nos perguntarmos que cidade queremos. Mais segregação e crise?”, também em postagem no Instagram, no dia 14.
O deputado estadual Matheus Gomes (PSOL-SP) defendeu como alternativa, por exemplo, a ocupação de imóveis públicos abandonados para atender às famílias desabrigadas, uma vez que teriam melhor estrutura para receber essas pessoas.
Já o ministro Paulo Pimenta, ainda em maio, comentou sobre suas divergências com o governador Eduardo Leite, com quem deve disputar o governo do RS. “Surgiu, agora, o debate das tais cidades transitórias. A ideia seria (instalar) quatro grandes cidades transitórias, com possibilidade de cada uma delas ter até 7,5 mil pessoas. Isso é maior do que a grande maioria das cidades do Brasil. Temos outra concepção sobre isso, outra ideia“, declarou.
Melo não cadastra famílias em auxílio
No dia 28 de maio, o Ministério Extraordinário da Reconstrução divulgou que a administração do prefeito Sebastião Melo não enviou ao governo federal os dados necessários dos mais de 150 mil habitantes da cidade atingidos pelos temporais que assolaram o Rio Grande do Sul.
Por conta disso, nenhuma família habilitada para receber os R$ 5,1 mil do Auxílio Reconstrução no primeiro lote de pagamento, liberado no dia 27 de maio, teve acesso ao benefício.
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