Pertencente à mesma rede que sofreu um incêndio fatal no dia 26 de abril, resultando na morte de 10 pessoas, a Pousada Garoa na Zona Norte de Porto Alegre, teve seus moradores despejados entre a noite de quarta-feira (5) e a madrugada de quinta-feira (6) do local.
Conforme apurado pela reportagem da RBS TV, afiliada da TV Globo, aproximadamente 20 pessoas foram obrigadas a deixar seus pertences na recepção. Esses itens pessoais estão armazenados em sacolas pretas, cada uma identificada com um papel que indica o número do quarto.
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"Acreditamos que possa ter ocorrido uma falha de comunicação entre as equipes responsáveis pela renovação e os moradores, pois a ausência de renovação dos vouchers gerou impactos significativos para 194 pessoas", informou o advogado representante da pousada em nota. Ele se refere à falta de pagamento das diárias de maio pela Prefeitura de Porto Alegre, que resultou na impossibilidade de renovação dos vouchers. Estima-se que o débito pendente afetou quase 200 moradores.
“A pasta está encaminhando, de forma gradual, as pessoas atendidas a outros serviços”, diz a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc). A instituição afirma que “o contrato com a Pousada Garoa foi reduzido, não cancelado”. Veja o comunicado na íntegra:
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“O contrato da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) com a Pousada Garoa foi reduzido e não cancelado. As pessoas atendidas estão sendo encaminhadas, de forma gradual, a outros serviços. Cada caso é acompanhado individualmente pela equipe técnica da rede socioassistencial, que busca construir um novo plano de superação e oferta de acolhimento institucional, de acordo com o perfil de cada pessoa.
O serviço previsto no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) inclui o benefício eventual de moradia e/ou acolhimento institucional em casa de passagem, abrigos e casa lar.”
Nos próximos dias, o Ministério Público planeja visitar as unidades da Pousada Garoa que ainda não foram inspecionadas. O MP está monitorando a situação e aguarda informações da prefeitura sobre os programas oferecidos aos moradores de rua e a redução de vagas na Pousada Garoa.
Caso Pousada Garoa
Um incêndio devastador atingiu a pousada na região central de Porto Alegre no dia 26 de abril, resultando na morte de 10 pessoas e deixando outras 15 feridas. O Corpo de Bombeiros localizou a décima vítima no terceiro andar do prédio. Naquele momento, ainda havia pessoas desaparecidas. O fogo irrompeu aproximadamente às 2h30 e se propagou com rapidez pelos aposentos da pousada. Em uma tentativa desesperada de escapar do incêndio, alguns indivíduos se atiraram das janelas dos segundo e terceiro andares.
A pousada, uma propriedade privada, acolhe indivíduos em situação de vulnerabilidade social. No total, 30 pessoas estavam hospedadas no local, com as estadias de 16 delas sendo financiadas com fundos públicos. A origem do incêndio permanece incerta. Segundo avaliações do Corpo de Bombeiros, a proximidade dos quartos na pousada pode ter contribuído para a rápida propagação das chamas. Isso pode ter dificultado a saída de algumas pessoas que estavam no local.
Um ex-colaborador da empresa responsável pelas pousadas da rede Garoa ainda revelou na época que as inspeções realizadas nas instalações eram antecipadamente comunicadas por uma funcionária da Prefeitura de Porto Alegre. O homem, que optou por manter o anonimato, alega que os funcionários eram instruídos a “disfarçar” problemas existentes, como a falta de limpeza do local e a inadequação dos quartos.
Importante lembrar que este não é o primeiro incêndio na Garoa. Em novembro de 2022, um incêndio atingiu outra pousada da rede em Porto Alegre, resultando na morte de uma pessoa e 11 feridos.