A declaração enérgica de Lula, que acusou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de ter "lado político" e que ele "trabalha para prejudicar o país" em entrevista à CBN nesta terça-feira (18), foi precedida de uma série de informações que colocam o economista bolsonarista no centro de um escândalo no país.
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Citando como fonte um aliado de Lula, a jornalista Daniela Lima, da GloboNews, disse que o presidente havia sido avisado por diversos interlocutores, inclusive do mercado financeiro, de uma conspiração colocada em marcha por Campos Neto em reuniões a portas fechadas com representantes de diversos setores da economia brasileira.
Segundo ela, Lula foi avisado das reuniões secretas de Campos Neto antes do jantar em que foi homenageado pelo governador paulista, Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), e teria aceitado previamente ser "ministro da Fazenda" de um suposto governo do bolsonarista, sondado para ser a "terceira via", em 2026.
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"O Lula foi avisado, por mais de um interlocutor - inclusive do mercado financeiro - que Roberto Campos Neto estaria fazendo pregações contra a saúde financeira do governo nas falas que tem feito com gente do setor produtivo, fechadas", afirma Daniela Lima.
A jornalista afirma, no entanto, que aliados de Campos Neto diz que essas conversas seriam "técnicas".
O caso complica ainda mais a situação do presidente do Banco Central, que tem tido uma atuação política, encontrando com aliados da época do governo Jair Bolsonaro e articuladores políticos, como o apresentador da Globo, Luciano Huck.
Campos Neto também é alvo de uma representação do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar suposto conluio com bancos e operadoras do mercado financeiro.
O esquema teria gerado lucros milionários com a especulação sobre dados econômicos, em especial as projeções de inflação pelo boletim Focus, publicação semanal do BC que reúne expectativas periódicas do mercado.
Segundo o subprocurador-geral Lucas Furtado a definição da Selic leva em consideração essas publicações que, por sua vez, seriam influenciadas pelos interesses de instituições privadas (leia-se: lucros). Para o subprocurador a prática pode abrir um precedente para a manipulação dos índices econômicos do país, como a Selic, em detrimento do interesse público.
“Vejo que se pode estar diante de fatos que podem comprovar que a definição da taxa básica de juros do país em níveis estratosféricos não possui efeito de controlar a inflação, conforme alega o BC, mas sim o de quebrar o país, enriquecendo alguns aplicadores do mercado”, diz Furtado na representação.
Caso seja comprovada as suspeitas, Campos Neto poderá ser exonerado da Presidência do Banco Central antes do fim de seu mandato, em fevereiro de 2025.