8 DE JANEIRO

Golpistas que quebraram tornozeleiras e fugiram do país agora têm novo problema no exterior

Após decisão da PGR, qualquer deslocamento internacional dos bolsonaristas fugitivos poderá resultar em longo processo de extradição e, ao final, o retorno ao banco dos réus no STF

A intentona golpista de 8 de janeiro de 2023.Créditos: Joedson Alves/Agência Brasil
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Na última terça-feira (14), uma matéria do portal Uol mostrou que pelo menos 10 golpistas do 8 de janeiro de 2023 quebraram suas tornozeleiras eletrônicas e fugiram do país pelas fronteiras de Santa Catarina e Paraná com destino à Argentina e ao Uruguai. No entanto, nesta quarta (15), a Procuradoria-Geral da República (PGR) tomou uma decisão que irá complicar essas fugas ao exterior.

O levantamento do jornalista Eduardo Militão mostra que 10 é um número mínimo para as possíveis fugas. Ao todo, 51 pessoas investigadas têm mandados de prisão em aberto ou são procuradas pela quebra das tornozeleiras eletrônicas. Esses golpistas teriam sido colocados em liberdade provisória pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, com a condição de entregarem os passaportes e utilizarem o artefato de controle.

De acordo com as informações publicadas, 10 desses fugitivos tiveram suas identidades confirmadas. Seis deles são mulheres e a maioria é oriunda de São Paulo e Santa Catarina. Sete desses dez nomes já foram condenados a penas de mais de 10 anos de prisão pela participação em atos golpistas.

Sem passaportes e após arrancarem as tornozeleiras, muitos teriam apostado numa chegada indocumentada por terra à Argentina, onde pediriam “asilo político” ao governo de extrema direita do presidente Javier Milei.

Mas nessa quarta-feira Paulo Gonet, o PGR, tomou uma decisão que pode complicar a vida desses golpistas. Ele pediu aos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores a inserção dos nomes de 8 dos fugitivos na lista de difusão vermelha da Interpol, a Polícia Internacional. Seis deles teriam quebrado a tornozeleira eletrônica e outros dois apenas fugido.

Caso tenham o nome incluído na lista da Interpol, um alerta internacional constando suas fotos e dados completos será emitido a todas as autoridades de fronteiras de países onde possam buscar refúgio. Será praticamente impossível que consigam realizar viagens internacionais sem serem pegos. Caso detidos, enfrentarão longos processos de extradição para, uma vez extraditados, voltarem ao banco dos réus no STF.

Agora o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, vinculado ao Ministério da Justiça) irá analisar a documentação necessária para fazer pedidos de extradição aos possíveis destinos dos golpistas. Estando de acordo com tratados internacionais, a documentação é encaminhada para o Ministério de Relações Exteriores que fará a comunicação com as autoridades estrangeiras.

Não foram revelados os 8 nomes que devem entrar na difusão vermelha da Interpol. Mas há uma pista: a lista com os 10 bolsonaristas confirmados como fugitivos pela matéria do Uol. Veja a seguir.

Quem são os foragidos

  • Ângelo Sotero, músico, 59 anos, de Blumenau (SC)
  • Gilberto Ackermann, corretor de seguros, 50 anos, de Balneário Camboriú (SC)
  • Raquel de Souza Lopes, 51 anos, de Joinville (SC)
  • Luiz Fernandes Venâncio, empresário, 50 anos, de São Paulo (SP)
  • Flávia Cordeiro Magalhães Soares, empresária, 47 anos
  • Alethea Verusca Soares, 49 anos, de São José dos Campos (SP)
  • Rosana Maciel Gomes, 50 anos, de Goiânia (GO)
  • Jupira Silvana da Cruz Rodrigues, 58 anos, de Betim (MG)
  • Daniel Luciano Bressan, pedreiro e vendedor, 37 anos, de Jussara (PR)
  • Fátima Aparecida Pleti, empresária, 61 anos, de Bauru (SP)