O blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, que desde dezembro de 2022 tem um mandado de prisão contra si expedido por Alexandre de Moraes, poderá ficar livre de extradição e de uma possível inclusão de seu nome na lista da Interpol, conforme também foi determinado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal. Depois de supostamente passar por Paraguai e México, Eustáquio está a meses na Espanha, morando em Madri, onde pediu asilo.
De acordo com matéria publicada pelo portal Metrópoles, o comunicador golpista teria protocolado presencialmente um pedido de asilo no escritório do Ministério do Interior da Espanha em Toledo, cerca de 70 km de Madri, em 22 de junho desse ano. Não se sabe se pelo próprio Eustáquio ou por um advogado.
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Com isso, poderá ficar na Espanha por 10 meses, até 22 de abril de 2024, enquanto seu pedido é avaliado. Até lá não poderá ser extraditado e nem entrar na lista da Interpol. Na data terá de se reapresentar às autoridades. Caso seu pedido seja negado de primeira, perderá as imunidades. Caso contrário, apresentará novos documentos e seguirá com os benefícios jurídicos até que a análise do processo seja concluída.
Com longa trajetória em blogs e transmissões bolsonaristas, Eustáquio ganhou maior projeção e notoriedade após a facada sofrida por Bolsonaro em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral de 2018. Semanas após o evento, o blogueiro difundiu a fake news de que Adélio Bispo, o autor do ataque, teria agido a mando do Psol. Em fevereiro de 2022 foi condenado pela Justiça do Paraná a indenizar a legenda em R$ 10 mil por crime de difamação.
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Em dezembro do mesmo ano, Eustáquio já estava a ponto de ter sua prisão decretada por envolvimento com os ataques de 12 de dezembro - quando apoiadores de Bolsonaro depredaram Brasília na noite que Lula era diplomado. Ele então foi visto no Palácio do Alvorada nos seguintes subsequentes. Estava sendo abrigado pelo ex-presidente a fim de fugir da possível prisão. Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, confirmou a história recentemente em delação à PF.
Mas a decisão de Moraes que determinava sua prisão viria logo após o Natal e uma tentativa de atentado a bomba no aeroporto de Brasília na véspera daquele feriado.
“Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a prisão dos bolsonaristas Oswaldo Eustáquio e Bismark Fugazza, sócio do canal Hipócritas no YouTube. Influenciadores apoiadores do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL), a dupla, procurada pela Polícia Federal (PF), tem participado e incentivado manifestações que pedem um golpe militar contra a posse de Lula (PT), em 1º de janeiro”, diz matéria da Fórum sobre a decisão publicada em 26 de dezembro.
Eustáquio já havia sido preso pela PF em 2020, também por ordem de Moraes, no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos. Mas o novo pedido de prisão veio por conta do não cumprimento das condições impostas para sua soltura. Já Bismarck estava sendo preso por sua ligação com os atos golpistas.
No dia seguinte à decisão de Moraes, que ainda não foi cumprida, Eustáquio apareceu nas redes sociais zombando do ministro. Dizia estar em casa, em Brasília, “pintando a churrasqueira para o ano novo”. Ele ainda afirmou que se a Polícia Federal enviar "o delegado Yuri" ou qualquer outro para detê-lo, vai oferecer "bolo, café, chocotone, panetone e pinhão" para o agente.
Mas em menos de 15 dias o falastrão já teria fugido do país. Em 17 de janeiro disse à jornalista Amanda Audi que estava no México. Em entrevista para a profissional, também declarou que gostaria de ter participado do 8 de janeiro, mas fez críticas ao 'timing' dos ataques.
Meses depois estaria no Paraguai, onde pediu asilo. Ele teria deixado o país só em setembro, quando teve o pedido negado. Depois disso, saiu a notícia em outubro de que já estaria na Espanha.
Nesse meio tempo, em 31 de julho, Moraes determinou que o nome de Eustáquio fosse incluído na Difusão Vermelha da Interpol, uma lista fugitivos das justiças de seus países de origem.
Na última quarta (6), a PF informou Moraes que não havia conseguido inserir o nome de Eustáquio na lista. E aí está a resposta: o pedido de asilo. Eustáquio se autodenomina um “exilado político”.