DEMOCRACIA

VÍDEO – “Nos EUA devíamos estudar Constituição do Brasil, democracia deles é mais forte que a nossa”

A frase foi dita por Bill Maher, em seu programa na HBO que fala sobre política com humor; Comparação é óbvia: Bolsonaro está inelegível aqui e Trump favorito por lá

Bill Maher fala sobre democracia brasileira no Real Time With Bill Maher da HBO.Créditos: Reprodução/Rede X
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“Nova regra: no futuro todo americano, em todas as escolas, deverão ser obrigados a estudar a Constituição. Mas não a nossa, a do Brasil. A explicação é porque ela está funcionamento muito melhor do que a que temos”, disse o apresentador Bill Maher, em seu programa ‘Real Time With Bill Maher’, da HBO dos EUA. A atração é famosa na televisão americana e faz uma mistura de jornalismo com humor, mais ou menos no estilo do nosso 'Greg News', do humorista Gregório Duvivier.

Imagens de uma das edições do programa viralizaram neste domingo (28) nas redes sociais brasileiras, uma vez que o apresentador americano fez uma comparação entre a democracia deles e a nossa. Segundo Maher, EUA e Brasil passaram, juntos, por um experimento político. Mas a forma como lidaram com ele é o que diferencia os dois países.

“Os EUA fizeram um experimento científico ao lado do Brasil recentemente, onde encaramos exatamente a mesma situação e o resultado é que em termos de democracia, nós é que fomos depilados”, afirmou, arrancando risos da plateia por conta de uma piada sobre brasileiros famosa nos EUA. Lá, um estilo de depilação genital bem específico ganhou o nome de ‘Brazilian Wax’.

A seguir, ele explica as semelhanças entre as conjunturas de ambos os países a partir dos seus ex-presidentes de extrema direita, Jair Bolsonaro e Donald Trump.

“Vejam o que aconteceu: Os EUA em 2020 tinham como presidente Donald Trump, um populista de extrema direita casado três vezes que perdeu sua reeleição e embarcou numa campanha de mentiras descaradas para convencer seus apoiadores que as eleições foram fraudadas, o que resultou no cerco ao Capitólio de Washington em 6 de janeiro de 2021. Avance quase dois anos para o dia 8 de janeiro de 2023. O Brasil tinha como presidente Jair Bolsonaro, conhecido como ‘Trump dos trópicos. Um populista de extrema direita casado três vezes que repetiu o manual de Trump: perdeu sua reeleição e embarcou numa campanha de mentiras descaradas para convencer seus apoiadores que as eleições foram fraudadas, o que resultou no cerco ao ‘Capitólio deles’”, resumiu o apresentador.

Bolsonaro e Trump. Créditos: Alan Santos/PR


“As duas insurreições falharam, mas vejam a diferença entre uma democracia saudável e uma que está pendurada por um fio: após o 8 de janeiro quase todo o Brasil rejeitou os conspiradores e transformou Bolsonaro num pária. Mas depois do 6 de janeiro, Trump foi ao seu palácio de inverno na Flórida para aceitar tributos e tramar sua volta em esplendor opulento. Bolsonaro também foi para a Flórida, onde almoçou sozinho no KFC”, prosseguiu o apresentador, expondo Bolsonaro [e a democracia dos EUA] ao ridículo.

A seguir ele explica o que aconteceu com Bolsonaro: sua perda de popularidade e a rejeição que a maioria dos brasileiros expressou em relação à intentona golpista de 8 de janeiro. Faltou falar sobre as múltiplas investigações que podem levá-lo à cadeia, mas vamos dar um desconto para o apresentador da HBO. Na fala a seguir, ele destaca o papel do novo presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na defesa da nossa democracia.

Invasão do Capitólio de Washington em 6 de janeiro de 2021. Créditos: TapTheForwardAssist/Wikimedia Commons

“Hoje apenas 6% dos brasileiros dizem que apoiam a horda que saqueou a capital, mas nos EUA Trump está mais popular que nunca e trilhando o caminho para voltar ao poder. No Brasil, Bolsonaro não apenas foi banido das próximas eleições, mas o país se uniu em torno do seu novo líder, que andou de braços dados, com parlamentares da esquerda e da direita em solidariedade contra o levante. Nos EUA, nada de braços dados (arm-and-arm), só armas (arms)”, afirmou, tirando risadas da plateia com o trocadilho.


Para Bill Maher, assim como para muitos americanos que acompanham as notícias, o Brasil tem aulas de democracia na lida com o ex-presidente inelegível. Ele ainda destaca algumas características do nosso sistema eleitoral, como a existência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e um parlamento bicameral que pode julgar pedidos de impeachment a partir das suas duas casas. A contraposição com o que eles têm nos EUA está sempre presente no discurso.

A intentona golpista de 8 de janeiro de 2023. Créditos: Joedson Alves/Agência Brasil

“Trump provou que nos EUA você pode absolutamente tentar um golpe de estado sem haja repercussões imediatas. A única forma que podemos punir um presidente é com o impeachment, onde o júri é o Senado. E a Califórnia, que tem uma população 68 vezes maior que o estado de Wyonming tem as mesmas duas cadeiras. No Brasil existe uma Corte Eleitoral (TSE) com juízes que servem durante dois períodos. Aqui não temos isso, só uma Suprema Corte que os juízes servem até não existirem mais”, avaliou.

Por fim, e para irritar ainda mais a extrema direita brasileira, ele elogiou a eficácias das nossas urnas eletrônicas. “E se tudo isso não é suficiente, demoramos quase dois meses para contar e certificar os votos, o que dá aos perdedores tempo suficiente para fazer tramar suas travessura. Mas no Brasil, o voto popular sempre ganha, todo mundo vai às urnas no mesmo dia, e a comissão oficial eleitoral declara o vencedor na mesma noite" concluiu Bill Maher.

Assista ao vídeo legendado em português