POLÍTICA

Braço político do PCC: vereadores do PSD, Podemos e MDB são presos em megaoperação

Com 27 promotores e 200 policiais, ação busca desarticular o braço político da facção criminosa, que fraudou licitações e contratos em diversas cidades do estado de São Paulo.

Dinheiro apreendido na megaoperação contra o braço político do PCC em São Paulo.Créditos: Divulgação / Gaeco SP
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Uma megaoperação com 27 promotores, 22 servidores e 200 policiais militares desencadeada na manha desta terça-feira (16) busca desarticular o braço político do Primeiro Comando da Capital (PCC), investigado por inúmeras fraudes em licitação em todo o Estado.

Três vereadores estão entre os 14 presos: Ricardo Queixão (PSD), de Cubatão; Flavio Batista de Souza (Podemos), de Ferraz de Vasconcelos; e Luiz Carlos Alves Dias (MDB), de Santa Isabel. No total, foram expedidos 15 mandados de prisão e 42 de busca e apreensão em diversas cidades do Estado.

Segundo a investigação conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, empresas atuavam de forma recorrente para frustrar a competição nos processos de contratação de mão de obra terceirizada no Estado, notadamente em diversas prefeituras e Câmaras Municipais.

"Também há indicativos da corrupção sistemática de agentes públicos e políticos (secretários, procuradores, presidentes de Câmara de Vereadores, pregoeiros etc.) e diversos outros delitos – como fraudes documentais e lavagem de dinheiro. As empresas do grupo têm contratos públicos que somam mais de R$ 200 milhões nos últimos anos. Alguns deles atendiam a interesse do PCC, que tinha influência na escolha dos ganhadores de licitações e reparte os valores ilicitamente auferidos", diz o MP.

A investigação detectou fraudes em processos de contratação de mão de obra terceirizada em São Paulo, Guarulhos, Ferraz de Vasconcelos, Cubatão, Arujá, Santa Isabel, Poá, Jaguariúna, Guarujá, Sorocaba, Buri, Itatiba. Outros municípios têm contratos sob análise.

Ricardo Nunes

Na semana passada, o Gaeco prendeu quatro dirigentes de empresas de ônibus da capital paulista, também acusados de ligação com o PCC.

O grupo, segundo o MP, usava as empresas Transwolff e UPBus - que prestam serviços de transporte coletivo nas Zonas Sul e Leste da capital - para lavar dinheiro do tráfico de drogas da facção criminosa.

O prefeito Ricardo Nunes (MDB) precisou nomear dois interventores da SPTrans, que estão trabalhando na direção e operação das duas empresas.

Segundo a denúncia do Gaeco à Justiça, a Transwolff e a UPBus receberam mais de R$ 5,3 bilhões da prefeitura desde 2015, ano da assinatura dos primeiros contratos de concessão com a SPTrans, para operação de linhas de ônibus nas Zonas Sul e Leste da cidade.