Faltando cerca de 8 meses para as eleições para as presidências das duas casas legislativas, a Câmara está cada dia mais com os ânimos acirrados para a definição do pós-Lira.
LEIA TAMBÉM:
Negociata com Bolsonaro para livrar Brazão da cadeia explica chilique de Lira com Padilha
Prisão de Brazão mantida desnuda bolsonarismo e fortalece governo na sucessão de Lira
Te podría interesar
Alçado à Presidência da casa em fevereiro de 2021 para comandar o chamado Orçamento Secreto, medida tomada por Jair Bolsonaro (PL) para terceirizar o orçamento da União em troca de apoio parlamentar, Arthur Lira (PL) foi reeleito para o cargo à base de achaques em 2023, no início do governo Lula.
Apoiador de Bolsonaro em 2022, Lira - assim como Ranieri Mazzilli em 1964 - poderia dar guarida ao golpe de Estado até o retorno do ex-presidente dos EUA.
Te podría interesar
Com a tentativa frustrada pelo governo em 8 de janeiro, Lira se aproximou de Lula ainda que de forma reticente, mas voltou ao colo de Bolsonaro para tramar a sucessão na casa.
O embate entre governo e o Centrão bolsonarista para o comando da Câmara já tem três pré-candidatos, que buscam agora nutrir força para obter o apoio da maioria de seus pares na empreitada.
Saiba quem são:
Antônio Brito (PSD-BA)
Líder do PSD na Câmara, o político soteropolitano está em seu quarto mandato consecutivo na Câmara Federal. Brito foi indicado ao posto pelo presidente da sigla, Gilberto Kassab.
Nomeado por Tarcísio de Freitas secretário de Governo e Relações Institucionais do Estado de São Paulo, Kassab é o articulador da relação do ex-ministro de Bolsonaro com Lula. Por sua atuação, Brito é visto como o candidato mais alinhado ao governo.
Na votação para a manutenção da prisão de Chiquinho Brazão, Brito ganhou força no campo governista ao atuar juntamente com Alexandre Padilha, ministro das Relações Institucionais, e orientar voto na bancada pela continuidade do acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle Franco na cadeia.
Elmar Nascimento (União-BA)
Também procedente da política baiana, Nascimento nutre mágoa de Lula por ter sido barrado para ocupar um ministério destinado ao União no início do governo.
Em seu terceiro mandato na Câmara, foi líder do DEM no governo Bolsonaro e segue no comando do União (junção entre DEM e PSL) com Lula.
Em meio à operação para soltar Brazão, Bolsonaro e Lira retomaram a negociata sobre a sucessão na Câmara. Ofereceram o apoio de PL e PP - além do Partido Novo, que vem a reboque - a quem obrigasse a bancada a votar para tirar o acusado de ser o mandante do assassinato de Marielle da cadeia.
Nascimento topou a empreitada e orientou o União a votar pela soltura de Brazão. Como prêmio, obteve a adesão de Bolsonaro à sua candidatura. Além de Lira e Bolsonaro, ele conta ainda com o apoio de Eduardo Cunha, figura obscura que foi ex-presidente da casa durante o golpe contra Dilma e agora atua nos bastidores a partir do gabinete da filha, Dani Cunha (MDB-RJ)
Marcos Pereira (Republicanos-SP)
Bispo licenciado da Universal, o presidente do Republicanos tem uma defesa discreta do governador de São Paulo, Tarcísio Gomes de Freitas, eleito pela sigla.
Vice-presidente da Câmara, Pereira se distanciou de Bolsonaro ainda durante a campanha de 2022, quando foi preterido pelo ex-presidente. A mágoa, no entanto, não impede dele tentar o apoio da bancada controlada pelo ex-presidente para tentar chegar ao posto mais alto da casa legislativa.
O pupilo de Edir Macedo terá de enfrentar também a antipatia de Lira, com quem teve rusgas ao dividir a mesa diretora da Câmara.
Nesta semana, em sua festa de aniversário buscou posar de conciliador, convidando para o evento aliados de Lula e de Bolsonaro. Diante de uma Câmara extremamente polarizada, a estratégia deve dar chabu e Pereira pode ser preterido pelos dois grupos políticos.