A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro desafiou decisão judicial e manteve o evento desta segunda-feira (25) no Theatro Municipal de São Paulo em que foi homenageada com o título de “cidadã paulistana”. Na última sexta-feira (22) o Tribunal de Justiça de São Paulo havia acatado representação de parlamentares do Psol e proibido a realização do evento.
A concessão da honraria a Michelle é uma proposta dos vereadores Rinaldi Digilio (União Brasil) e Fernando Holiday (PL) e havia sido aprovada pela Câmara Municipal de São Paulo em novembro de 2023. Após a proibição do TJSP, o próprio Digilio afirmou ter tomado R$ 100 mil emprestados de uma instituição bancária para pagar o aluguel do Theatro Municipal.
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Digilio, inclusive, é um dos políticos apontados por levantamento da Agência Pública que financiaram a fake news de Damares Alves sobre o arquipélago do Marajó. Ele também utilizou a narrativa furada para divulgar a manifestação bolsonarista de 25 de fevereiro na Avenida Paulista.
Além disso, nesta segunda-feira (25) o presidente do TJSP, Fernando Antonio Torres Garcia, manteve a proibição do evento e impôs multa de R$ 50 mil em caso de descumprimento. Digilio alega que por ter feito o pagamento o evento estaria liberado, no entanto, a deputada federal Erika Hilton (Psol-SP) aponta que o regulamento do Theatro Municipal exige que as contas sejam acertadas 40 dias antes de qualquer evento.
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Entre aqueles que prestigiaram a desobediência de Michelle em relação ao TJSP está o próprio prefeito da cidade, Ricardo Nunes (MDB), que apareceu nas imagens divulgadas pela CNN Brasil. Nunes tenta colar sua imagem ao clã para angariar eleitores. Ele concorre à reeleição nesse ano.
No X, antigo Twitter, o vereador Celso Giannazi (Psol-SP) classificou a realização do evento como um “escárnio”.
“Bolsonaristas ignoram decisão da justiça e entregam título de Cidadã Paulistana para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro no Theatro Municipal. Essa afronta ao poder judiciário conta com a presença do prefeito Ricardo Nunes. Essa gente está acima da Lei?”, indagou.
Bolsonaro passa vergonha
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) discursou no evento. Para além das bravatas de sempre, em que faz autoelogios ao seu desastroso governo e a si mesmo, tentou explicar a recente revelação do The New York Times de que buscou asilo na Embaixada da Hungria em Brasília. Durante a fala, ele demonstrou sua ignorância a respeito das representações diplomáticas.
“Tenho relações com muitos chefes de Estado pelo mundo, que ligam para mim para saber informações precisas sobre o que acontece no Brasil. Frequento embaixadas pelo nosso Brasil. Converso com os embaixadores. Não tenho o passaporte, está detido, senão estaria como Tarcísio e o Caiado em Israel”, declarou.
Acontece que as embaixadas ficam todas em Brasília, a capital federal, e não “pelo nosso Brasil”, como afirmou. Em outras cidades, as representações diplomáticas são chamadas de “consulados”. As embaixadas têm atribuições administrativas em relação às representações diplomáticas; os consulados, por sua vez, servem para atender aos cidadãos.