O Ministério de Relações Exteriores convocou com urgência o embaixador da Hungria no Brasil, Miklos Halmai, para dar explicações sobre a guarida de dois dias que deu ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no começo de fevereiro, logo após seu passaporte ter sido apreendido por ordem do STF e dois de seus principais assessores terem sido presos por determinação do ministro Alexandre de Moraes. O caso veio à tona nesta segunda-feira (25) após a publicação de uma reportagem que mostra vídeos do ex-chefe de Estado brasileiro chegando à representação diplomática e se instalando lá.
Halmai foi recebido no Itamaraty no meio desta tarde pela chefe do departamento de Europa da chancelaria brasileira, ficou cerca de 20 minutos no edifício do ministério e se manteve calado o tempo todo. O chanceler Mauro Vieira sequer quis vê-lo. Não se sabe se o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomará alguma medida contra o embaixador, como a sua expulsão, por exemplo, tendo em vista a gravidade de sua conduta.
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Em fevereiro, Halmai já tinha sido convocado para justificar as intromissões do presidente de seu país, Viktor Orbán, que nas redes sociais fez uma postagem, numa clara referência às operações da PF contra a organização golpista criminosa de Bolsonaro, dizendo que o brasileiro era um “patriota honesto”, pedindo para ele “continuar lutando”.
Como investigado por tentativa de golpe de Estado, por falsificar documentos sanitários e pelo caso das joias e objetos valiosos do acervo da Presidência da República, Jair Bolsonaro é um ator político envolto em problemas com a Justiça, o que configura um problema interno brasileiro. As ações de Orbán e da Hungria têm sido vistas como uma inequívoca intromissão de uma nação estrangeira em assuntos domésticos, o que é condenável e vetado nas relações diplomáticas entre Estados “amigos”.