Uma reportagem publicada nesta segunda-feira (25) na Agência Reuters mostra que o general Walter Braga Netto – ex-chefe da Casa Civil e ex-candidato a vice-presidência de Jair Bolsonaro (PL) – planejou a convocação de forças de elite do Exército brasileiro para irem a Brasília em auxílio à trama golpista que pretendia melar a posse de Lula (PT) em primeiro de janeiro de 2023.
De acordo com a matéria, a Polícia Federal está investigando os planos do general, que teria inclusive discutido a arrecadação de dinheiro para bancar a ida e a permanência dos militares na capital federal. Braga Netto teria discutido a preparação de viagens e alojamentos para membros de uma unidade de guerra de guerrilha. A reportagem se apoia em documentos obtidos pela agência e nos depoimentos de duas fontes com conhecimento da investigação que pediram pela manutenção do seus anonimatos.
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De acordo com essas fontes, Braga Netto teve um papel fundamental na trama golpista, como um verdadeiro mentor e incentivador. Além da convocação dessas tropas, também seria o responsável por convencer os comandantes das forças armadas a embarcarem na aventura golpista. O plano, segundo as investigações, acabou frustrado pelos ex-comandantes do Exército e da Marinha, que teriam se recusado a participar da conspiração.
Segundo as fontes da Reuters os investigadores suspeitam que Braga Netto tentou financiar tanto os membros das forças especiais supracitados, como os próprios apoiadores de Bolsonaro que estavam acampados diante do Quartel-General do Exército em Brasília. Questionado pela agência internacional, o advogado de Braga Netto não emitiu qualquer resposta.
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Segundo os documentos da investigação que a Reuters teve acesso, Braga Netto organizou uma reunião em seu apartamento em Brasília para discutir a arrecadação de fundos para bancar a ida das tropas. A reunião teria ocorrido menos de duas semanas após a derrota nas eleições.
O plano visava o transporte secreto das tropas até Brasília. O objetivo era utilizar o treinamento especial em guerra de contrainsurgência dessa unidade para que aplicassem técnicas de sabotagem e provocassem a violência necessária nas ruas da capital que justificassem a famigerada “intervenção militar” e uma consequente anulação das eleições.
O plano incluía o decreto de "estado de sítio" que já consta nas informações públicas a respeito da trama. Os valores ventilados na reunião estavam na ordem de R$ 100 mil. Questionado pela PF sobre esse detalhe da trama golpista, Braga Netto manteve silêncio.