O general Walter Braga Netto, um dos mais amedalhados integrantes da cúpula do bolsonarismo, que foi candidato a vice-presidente da República na chapa de Jair Bolsonaro (PL) em 2022, vê sua situação se complicar cada vez mais com a Justiça. Ele, que já é uma das figuras centrais no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado ocorrida no final do último governo, agora, está às voltas com a elucidação do caso do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018.
Interventor federal no Rio de Janeiro à época do crime, Braga Netto já tinha sido apontado no relatório da PF sobre o caso, divulgado neste domingo (24), como o responsável em última instância pela nomeação do delegado Rivaldo Barbosa para o cargo de chefe da Polícia Civil fluminense. Rivaldo é acusado de ser um dos três mandantes, junto com os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, do duplo homicídio de repercussão mundial.
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Não bastasse a revelação de que seu subordinado direto, o general Richard Nunes, então secretário de Segurança Pública na intervenção, contrariou todos os alertas da Subsecretaria de Inteligência para não nomear Rivaldo para o posto máximo da Polícia Civil, por ter notórias relações com as milícias do estado, surge então uma nova e perturbadora informação: Braga Netto teria demitido de forma direta o delegado federal que deu o aviso sobre a conduta criminosa de Rivaldo, insistindo ao máximo para que o general não permitisse sua nomeação.
Fábio Galvão, então no cargo de subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, alertou à cúpula da intervenção federal, chefiada por Braga Netto e que tinha Richard Nunes como secretário de Segurança, e mostrou informes sobre Rivaldo, que desde o período em que comandou a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) seria um policial corrupto e dos intestinos das milícias que operam na Zona Norte da metrópole.
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Diante do aviso, Braga Netto não só ignorou Galvão, autorizando o insistente Richard Nunes a dar o cargo de chefe da Polícia Civil ao agora acusado de mandar matar Marielle, como também o demitiu do cargo de subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública do Rio cinco meses depois, o devolvendo aos quadros da Polícia Federal, o que, portanto, colocava o delegado longe das atribuições nessa área no Rio de Janeiro.
Galvão era, àquela altura, um prestigiado delegado que havia coordenado operações que colocaram na cadeia 1.288 criminosos, sendo 375 deles eram do setor da Segurança, todos acusados de corrupção.