Em ofício enviado nesta sexta-feira (15), a Fundação Theatro Municipal, que administra o espaço histórico na região central de São Paulo, confirmou que vai ceder o espaço para "a realização do evento de entrega do Título de Cidadã Paulistana para a homenageada Sra. Michelle Bolsonaro".
O pedido foi feito pelo vereador Rinaldi Diglio (PL), pastor da Quadrangular Família Global e uma das figuras que ascenderam na política por meio de organizações conservadoras alinhadas ao bolsonarismo. Ele é o autor da proposta, que foi aprovada em novembro do ano passado no plenário da Câmara paulistana.
Te podría interesar
Segundo o documento, "ficou acordado a cessão não onerosa do Theatro Municipal", ou seja, o evento político ocorrerá com todos os custos arcados pela Prefeitura de São Paulo, que é quem paga as despesas do local.
"Agora na noite desta sexta-feira, acaba de ocorrer a aprovação para que o Theatro Municipal seja utilizado, sem custos, para homenagear Michelle Bolsonaro. Esse claramente é um evento de cunho político eleitoral. Esta decisão permitirá ao prefeito e seus apoiadores promoverem homenagens à família Bolsonaro (golpistas) com recursos públicos", afirmou o ex-secretário de Cultura, Nabil Bonduki, que divulgou o ofício nas redes sociais.
Te podría interesar
"Vale destacar que o Theatro é gerido por uma organização social ou seja, uma ingerência muito grave. Quanto tempo até colocarem sigilo no processo?", indagou em seguida.
Justiça
As deputadas federais Sâmia Bomfim e Erika Hilton, ambas do PSOL em São Paulo, junto com a ativista Amanda Paschoal e a vereadora Luana Alves, acionaram a Justiça para impedir o uso do Theatro Municipal para homenagem a Michelle Bolsonaro.
Normalmente, a cerimônia deste tipo de evento é feita na Câmara Municipal, como argumenta o pedido das parlamentares. No entanto, o vereador, junto ao presidente da Câmara, Milton Leite (União Brasil), afirmaram que o espaço não comportaria o número de pessoas.
A justificativa foi acatada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB), que é apoiado por Jair Bolsonaro (PL) na disputa à reeleição.
O Theatro Municipal tem capacidade para 1.523 pessoas e o evento será fechado aos convidados.
No texto enviado por Hilton, ela afirma que a cessão do teatro tem "fins exclusivamente políticos, sem qualquer natureza artística e de formação cultural", por isso seria "incompatível com a natureza do espaço e da própria legislação brasileira". Além disso, afirma que o evento tem características "visivelmente políticas e eleitorais".
A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP), o deputado estadual Carlos Giannazi (PSOL) e o vereador Celso Giannazi (PSOL) também acionaram o Ministério Público e Ministério Público Eleitoral de São Paulo para barrar o evento.
"O Theatro Municipal não é lugar de politicagem! É um patrimônio público que pertence a todos nós e não deve ser usado para atividades eleitoreiras. O prefeito Ricardo Nunes, interessado no apoio de Bolsonaro nas eleições, será o único beneficiado com essa homenagem esdrúxula", afirmou Carlos Giannazi.