GOLPE DE ESTADO

Militar assessor de Bolsonaro diz que PF o coagiu a ficar calado em depoimento

Defesa do coronel Marcelo Câmara afirma que delegado que interrogaria seu cliente alegou “falta de tempo” e sugeriu que o intimado “usasse o silêncio”

Sede da Polícia Federal, em Brasília.Créditos: Agência Brasil
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Passado o dia em que todos os investigados no caso da reunião golpista do governo de Jair Bolsonaro teriam que depor na Polícia Federal, a defesa do coronel Marcelo Câmara, ex-assessor do antigo presidente, afirmou em nota que seu cliente foi “coagido a ficar em silêncio” pelo delegado incumbido de realizar o interrogatório. Com exceção do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, todos os intimados permaneceram calados durante as oitivas, um direito constitucional assegurado.

“A defesa do coronel Marcelo Câmara esclarece que não teve oportunidade de responder as perguntas pois a autoridade policial disse que não tinha tempo de aguardar o encerramento do depoimento de Tércio. Em razão disso, foi coagido a usar do silêncio, sem a presença de sua defesa técnica. Algo totalmente novo, reprovável e que não se pode admitir em um Estado Democrático e de Direito”, alegou o advogado Eduardo Kuntz, no comunicado.

Até o momento, a PF ainda não se pronunciou sobre a acusação feita pela defesa de Marcelo Câmara.

Silêncio total dos acusados

Todos os militares intimados a depor nesta quinta-feira (22), numa convocação simultânea que visou evitar versões combinadas, tiveram o mesmo comportamento. Os generais Augusto Heleno, ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, Mário Fernandes, ex-chefe-substituto da Secretaria-Geral da Presidência da República, Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, o almirante Almir Garnier, ex-comandante da Marinha, o tenente-coronel do Exército Ronald Ferreira de Araújo Junior, os majores do Exército Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros e Rafael Martins Oliveira, antigos “assessores” do então presidente, num movimento mais preciso que um time de nado sincronizado, apenas “resolveram não falar”.