GUERRA NA PALESTINA

Wajngarten quer embaixador de Israel em ato de Bolsonaro organizado por Malafaia

Bolsonaristas usam declaração de Lula sobre o genocídio promovido pelos sionistas em Gaza para confundir evangélicos e turbinar ato na Paulista.

Daniel Zonshine, embaixador de Israel, ao lado de Jair Bolsonaro em ato na Câmara.Créditos: Reprodução/Youtube
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A extrema-direita fascista brasileira tenta pegar carona nas críticas à declaração de Lula sobre o genocídio cometido pelo estado sionista de Israel em Gaza e está usando o tema para tentar turbinar o ato em apoio a Jair Bolsonaro (PL) organizado pelo pastor Silas Malafaia, que deve acontecer no próximo domingo (25), na avenida Paulista, em São Paulo.

Em publicação na noite deste domingo (18), Fabio Wajngarten, ex-Secom que faz parte do grupo de advogados de Bolsonaro, afirmou que vai propor um convite ao embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, para participar da manifestação.

"Vou sugerir ao Pastor Malafaia e ao Presidente Jair Bolsonaro que convidem o Embaixador de Israel para nosso ato na Paulista no próximo dia 25/2 em São Paulo. Certamente será muito bem recebido e acolhido", afirmou.

Malafaia atacou duramente Lula na rede X - chamando o presidente de "doente mental, alienado, mau caráter e cretino" - e, em seguida, publicou um vídeo convocando evangélicos para o ato de domingo.

Jair Bolsonaro, no entanto, se contentou a compartilhar na rede a publicação do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, atacando Lula e dizendo que vai convocar o embaixador brasileiro, Frederico Meyer, para "dura conversa de repreensão".

Em novembro passado, após o início do levante sionista em Gaza, em reação ao ataque do Hamas, Daniel Zonshine esteve com Bolsonaro em ato com deputados da ultradireita no Congresso Nacional.

Pastores midiáticos e figuras "terrivelmente evangélicas" tentam associar a crítica de Lula a Israel a um ataque a evangélicos e, assim, convocar os fiéis para participação no ato político.

Em culto na manhã deste domingo (18), após a fala de Lula, na Igreja Presbiteriana de Pinheiros, zona nobre da capital paulista, André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), atacou a posição brasileira.

Indicado por Bolsonaro, o ministro lembrou da viagem recente que fez a Israel a convite do lobby sionista e da conversa que teria tido com Meyer.

"Nós tivemos, primeiro ou segundo dia que chegamos em Israel um almoço com um embaixador brasileiro lá em Israel. Eu fiz uma colocação: 'Embaixador, a nossa diplomacia é marcada por uma busca de equilíbrio e imparcialidade. O senhor não acha que talvez se nós caminharmos mais nesse sentido, em vez de endossarmos uma petição da África do Sul acusando de Israel de genocídio, seria um melhor caminho para nós sermos um agente de paz?' Ele me respondeu, 'o mundo de hoje não há espaço para o cinza. Ou é preto ou é branco, e o país tomou a sua posição'", contou.

Em seguida, Mendonça, que tem feito publicações em apoio ao genocídio promovido por Israel, disse que divergiu do embaixador brasileiro.

"Em resposta, eu tomei minha posição. Eu defendo a devolução de todos os sequestrados. E acho que o erro maior é apoiar um grupo terrorista que mata crianças, jovens e idosos gratuitamente. Eu e você, como cristãos, somos chamados a tomar posição em tudo na vida", disse, sem mencionar os mais de 30 mil palestinos mortos pelo exército sionista, a maioria crianças e mulheres.

Até mesmo o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, pivô do golpe contra Dilma Rousseff, foi às redes encampar a narrativa da ultradireita fascista.

"Depois não entendem porque tem a alta rejeição dos evangélicos. Atacar Israel não significa somente atacar aos judeus, mas também a todos os evangélicos", escreveu.

Impeachment

Na rede X, parlamentares aliados a Bolsonaro deliram e dizem que vão entrar com pedido de impeachment de Lula pela declaração em que comparou a ação genocida de Israel à matança de judeus promovida por Adolph Hitler na Alemanha nazista.

"O Hamas quer a destruição do Estado de Israel e de todos os judeus. E pelo jeito é este tipo de gente que o Partido das Trevas quer como aliado. Quer aliar-se a terroristas. O Congresso Nacional precisa responder à altura. Este senhor não tem qualquer condição de permanecer na liderança de nosso povo. Fora, Lula", publicou a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), com a hashtag #impeachmentdolula.

Marcel Van Hatten, deputado do Novo-RS, afirmou em vídeo que entrará com "processo contra Lula por racismo contra judeus e de impeachment".

 

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