BASTIDORES

Ataque a Lula mostra Netanyahu acuado, refém dos extremistas

Mais do que nunca, ele precisa dos lobistas de Israel

Campanha.Veteranos de guerra espalharam cartazes por todo o país pedindo a cabeça de Netanyahu.Créditos: Reprodução X
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O ataque do primeiro-ministro de Israel ao presidente Lula, durante uma conferência em Jerusalém que reuniu lobistas do país nos Estados Unidos, mostra que Benjamin Netanyahu depende cada vez mais deste "exército de defensores civis" -- como a Confederação Nacional Israelita (CONIB), no Brasil -- e dos extremistas de seu governo que se reúnem em torno dos ministros Ben Gvir, da Segurança Nacional, e Bezalel Smotrich, das Finanças.

Ao falar de Lula aos lobistas, referindo-se ao presidente brasileiro como Silva, Bibi Netanyahu acusou o ocupante do Planalto de antissemitismo.

É a resposta padrão dos líderes do governo de extrema-direita quando suas ações são questionadas.

Pouco antes, numa reunião de ministério, Netanyahu fez aprovar um texto dizendo que Israel não aceitará qualquer tipo de pressão internacional por um estado palestino.

Vários países aliados de Israel, inclusive os Estados Unidos, consideraram a possibilidade de reconhecer antecipadamente o estado palestino previsto nos acordos de Oslo.

PROVOCAÇÃO RELIGIOSA

Numa decisão ainda mais grave, Netanyahu aceitou parcialmente a sugestão do ministro Ben Gvir de limitar a entrada de palestinos na mesquita de Al Aqsa durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos que começa em março.

É uma provocação aos 2 milhões de árabes israelenses, especialmente os que vivem em Jerusalém e pode provocar uma explosão na Cisjordânia ocupada, que apesar de toda a repressão israelense não se jogou numa intifada.

Além disso, ao incitar uma guerra religiosa, o potencial de desestabilizar governos árabes cresce.

De acordo com uma pesquisa recente, 92% dos entrevistados em países árabes disseram que o problema dos palestinos é de todos -- um índice recorde.

Egito, Bahrein, Emirados Árabes Unidos e Jordânia normalizaram relações diplomáticas com Israel e mantém uma posição dúbia em relação ao Hamas.

A "rua árabe" corre o risco de explodir.

O Irã acusou os três primeiros de abrirem seus portos e estradas para reduzir o impacto das ações dos hutis do Iêmen, que bloquearam a navegação para os portos de Israel.

FUTURO INCERTO

De acordo com um levantamento recente, 60% dos israelenses aceitam algum tipo de antecipação das eleições previstas para 2026.

As maiores manifestações em defesa desta ideia aconteceram neste final de semana em Israel.

Netanyahu é totalmente contra e o prolongamento da guerra serve a seus objetivos políticos.

Só uma resolução do conflito com derrota total do Hamas e ocupação de Gaza dará a ele o cacife para eventualmente enfrentar novas eleições, desde que mantenha apoio total dos partidos religiosos de extrema-direita.

Estes partidos não só não aceitam um estado palestino como fizeram uma conferência para planejar a volta dos assentamentos de Israel a Gaza, retirados em 2005.

Benjamin Netanyahu é um sobrevivente político, mas agora está sob ataque até mesmo dos veteranos da guerra do Yom Kippur, em 1973, que atribuem a ele o fortalecimento do Hamas em Gaza e incompetência para evitar os ataques de 7 de Outubro.

Bibi mandou investigar quem financiava a campanha, que espalhou cartazes pedindo a cabeça dele por todo o país. Recebeu como resposta do grupo de que foram "doações do público".