TÁ COM MEDO, MOÇO?

Bolsonaro pede “tratamento especial” em voos para “evitar exposições e abordagens”

Ex-presidente jacta-se de ser “homem do povo” e diz que “Lula não pode sair na rua”, mas ofício à PF e Infraero admite medo em relação à sua “proteção física”

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Jair Bolsonaro (PL) jacta-se de ser um "homem do povo", que seria "amado pelos brasileiros", confundindo o povo com sua matilha violenta e extremista que o venera cegamente, chegando a dizer até que, no caso de Lula (PT), o atual chefe de Estado "sequer pode sair na rua", diferentemente dele. Só que, no mundo real, o ex-presidente está com medo.

Pelo menos é o que revela um ofício encaminhado por seu staff à Polícia Federal e à Infraero pedindo "atendimento especial" nos aeroportos e voos que o líder inelegível de extrema direita estiver. Sim, Bolsonaro quer ser preservado das pessoas "para evitar exposições e abordagens indevidas", para zelar por sua "proteção física".

Em áreas de embarque e desembarque, assim como dentro de aeronaves, o ex-ocupante do Palácio do Planalto não tem como contar com seus súditos irascíveis e agressivos, boa parte deles de arma na cintura, que lhe garantem "sossego" pelas ruas do Brasil, onde de fato circula "sem problemas" porque qualquer crítico que lance palavras de protesto pode terminar morto pela horda de celerados que o cerca.

“Esclareço que o atendimento diferenciado se deve em virtude da necessidade de que os procedimentos ocorram de forma a evitar abordagens indevidas e exposição do ex-presidente em locais de maior movimentação, adequando-se assim à sua proteção física”, diz o trecho da solicitação enviada à PF e Infraero.

Esse tipo de pedido, embora seja comum entre algumas figuras famosas, e ainda entre autoridades que efetivamente têm risco de sofrer alguma violência, normalmente é feito para um deslocamento específico. Foi o caso de Jair Bolsonaro desta vez, já que o ofício encaminhado refere-se ao trecho que o ex-presidente voará entre o Rio de Janeiro e Brasília, nesta quarta (14).

O que causou estranheza no pedido, igualmente, foi a inclusão, para receber os mesmos “privilégios”, do assessor Tércio Arnaud Tomaz, um extremista que é investigado junto com Bolsonaro no inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado que tramita no STF. Na decisão do ministro Alexandre de Moraes, o ex-mandatário de extrema direita está proibido de falar com qualquer um dos demais investigados, incluindo Arnaud, que não poderia de forma alguma viajar com o ex-presidente.

Fábio Wajngarten, o radical que foi chefe da Secom e atualmente serve como uma espécie de porta-voz improvisado de Bolsonaro, correu para as redes sociais para explicar que a inclusão do nome do assessor no pedido de “tratamento especial” foi meramente uma formalidade, e que ele já estaria em Brasília.

“Por determinação do presidente [Jair Bolsonaro], o assessor [Tercio Arnaud Tomaz] deixou Mambucaba e encontra-se em Brasília desde quinta-feira passada atendendo determinação da decisão [do STF] da semana passada”, escreveu Wajngarten.