TIOZÃO DO ZAP

Prisão de Braga Netto: Bolsonaro vai ao WhatsApp questionar medida

Ex-presidente quebra o silêncio sobre situação de aliado em uma declaração restrita ao seu fã clube que desconsidera o bom-senso e a aplicação das leis brasileiras

Bolsonaro vai ao WhatsApp questionar prisão de Braga Netto..Braga Netto e Jair Bolsonaro.Créditos: Agência Brasil (Valter Campanato)
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Depois de um ensurdecedor silêncio ao longo deste sábado (14), o ex-presidente Jair Bolsonaro resolveu comentar nesta noite a prisão do seu aliado, o general da reserva Walter Braga Netto.

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Bolsonaro, em seu papel de "tiozão do ZAP", questionou a justificativa apresentada pela Polícia Federal (PF) em mensagem enviada a seus apoiadores por WhatsApp.

"Há mais de 10 dias o ‘inquérito’ foi concluído pela PF, indiciando 37 pessoas e encaminhado ao MP. Como alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”

Braga Netto, que foi ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro e vice na chapa derrotada nas eleições de 2022, foi preso em sua residência em Copacabana, no Rio de Janeiro. A operação, autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), incluiu buscas no local.

Acusações contra Braga Netto

A Polícia Federal aponta que o general estaria obstruindo a Justiça, interferindo na produção de provas e combinando versões com outros investigados no processo que apura a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente Lula em janeiro de 2023.

O inquérito, concluído recentemente, indiciou 37 pessoas, incluindo Braga Netto, sob acusações que vão de conspiração até obstrução processual.

A base legal da prisão

Caso tivesse feito a leitura do pedido de prisão do militar emitido pelo ministro do STF, Bolsonaro não teria necessidade de fazer esse questionamento para a seu fã clube.

A prisão preventiva do general da reserva foi fundamentada em dispositivos legais e no contexto da investigação em curso. A medida segue o processo de persecução criminal.

Conforme os elementos da decisão judicial do ministro Alexandre de Moraes e as leis aplicáveis, confira o passo a passo que demonstra como as autoridades agiram dentro dos parâmetros legais para garantir o avanço das investigações e proteger a democracia brasileira.

Fundamentos da investigação

A investigação conduzida pela Polícia Federal apontou indícios robustos de que Braga Netto teve participação ativa no planejamento e execução de ações golpistas destinadas a impedir a posse do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. Essas ações incluíram a articulação para:

  • Planejamento e financiamento de atividades clandestinas;
     
  • Pressão sobre comandantes militares para aderirem ao plano golpista;
     
  • Tentativa de manipular informações sensíveis do acordo de colaboração premiada de Mauro Cid.

A gravidade das acusações incluiu crimes de tentativa de golpe de Estado (art. 359-M do Código Penal), tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito (art. 359-L) e obstrução de Justiça, conforme o art. 2º, §1º, da Lei 12.850/2013.

Motivos da prisão preventiva

A prisão preventiva foi decretada com base nos seguintes critérios, conforme o artigo 312 do Código de Processo Penal:

  • Garantia da ordem pública: A permanência de Braga Netto em liberdade foi considerada um risco à ordem pública devido à possibilidade de reincidência nos atos ilícitos, incluindo obstrução das investigações e ameaça à integridade das provas.
     
  • Conveniência da instrução criminal: A liberdade do investigado poderia comprometer a colheita de provas, considerando as tentativas de manipular versões e influenciar outros investigados.
     
  • Assegurar a aplicação da lei penal: Havia risco concreto de que a liberdade do investigado prejudicasse o curso das apurações e a aplicação da pena.

Decisão Judicial

Na decisão, o ministro Alexandre de Moraes destacou que a prisão preventiva de Braga Netto foi uma medida "excepcional e necessária", considerando o "fumus commissi delicti" (fortes indícios da prática delitiva) e o "periculum libertatis" (risco que sua liberdade representava à sociedade e ao processo investigativo). A decisão está de acordo com os artigos 311 e 312 do CPP, que regulamentam a prisão preventiva em casos de risco à ordem pública e interferência nas investigações.

Dispositivos legais citados

  • Art. 359-L e 359-M do Código Penal: Relativos à tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito e golpe de Estado.
     
  • Art. 2º, §1º, da Lei 12.850/2013: Referente à obstrução de investigações criminais relacionadas a organizações criminosas.
     
  • Art. 312 do CPP: Estabelece os requisitos para a decretação da prisão preventiva.
     
  • Art. 282 e 319 do CPP: Tratam de medidas cautelares diversas da prisão, consideradas insuficientes no caso

Relevância da medida

A decisão de Alexandre de Moraes ressalta a necessidade de impedir a continuidade das atividades do grupo criminoso e proteger o processo democrático.

A prisão preventiva reflete o compromisso do sistema judicial brasileiro com a integridade das instituições e a legalidade processual.

Além disso, a medida também busca evitar a destruição de provas e a influência sobre outros investigados, fortalecendo a instrução criminal.

Prisão e impacto

Braga Netto é o primeiro general de quatro estrelas a ser preso sob a acusação de tentativa de golpe no Brasil, marcando um momento histórico para o país. Sua detenção ocorre em meio a um esforço das autoridades para responsabilizar figuras-chave ligadas aos atos golpistas que abalaram a democracia brasileira.

Enquanto isso, aliados de Bolsonaro e apoiadores do ex-presidente têm usado as redes sociais para criticar a prisão do militar, reforçando a polarização política que ainda permeia o cenário nacional.

 

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