CARREFOUR

Crise do Carrefour: Bolsonaro resgata antiga mágoa e ataca Macron

Ex-presidente que bateu continência para bandeira dos EUA ainda exigiu soberania a Lula

Macron e Bolsonaro em 2019Créditos: Frederico Mellado/ARG
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O ex-presidente Jair Bolsonaro - que tem demonstrado desespero após ser indiciado pela Polícia Federal sob a acusação de integrar uma quadrilha para promover um golpe de Estado - decidiu opinar sobre o embate envolvendo Brasil, França e Carrefour, que tem se intensificado nas últimas semanas.

Pressionado por agricultores franceses, o Carrefour anunciou a suspensão da importação de carne brasileira. Simultaneamente, o governo de Emmanuel Macron tem barrado o avanço do acordo União Europeia-Mercosul devido a pressões internas de setores produtivos franceses.

Em resposta, o governo brasileiro tem pressionado a rede de supermercados francesa, contando com o apoio do agronegócio nacional, que propôs um boicote à marca no Brasil. Diante da repercussão negativa, o Carrefour foi forçado a divulgar uma nota pedindo desculpas ao setor e ao governo brasileiros.

"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeitando as normas e o sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como um questionamento à nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas", diz um trecho da carta divulgada pela rede.

Mas Jair Bolsonaro (PL), o homem que bateu continência para a bandeira dos EUA e disse "I love you" para Donald Trump, acha que a postura enfática do Brasil não é suficiente.

Em suas redes sociais, Bolsonaro aproveitou para criticar Emmanuel Macron, presidente francês com quem acumulou atritos durante seu período na Presidência.

"Macron sabota o Brasil com mentiras ambientais. Nosso agronegócio é o melhor do mundo, mas Lula não faz nada contra as mentiras espalhadas por seu 'amigo'. Fraco e submisso! No meu governo, respondemos a esses ataques à altura. O Brasil é SOBERANO e não deve se curvar a ninguém", escreveu Bolsonaro no X.

Em 2019, as tensões entre Emmanuel Macron e Jair Bolsonaro ganharam destaque, especialmente por questões ambientais, como as queimadas na Amazônia, que foram negligenciadas durante o governo Bolsonaro.

Macron acusou Bolsonaro de permitir a destruição da floresta e de colocar em risco os compromissos climáticos globais, enquanto Bolsonaro acusava Macron de instrumentalizar problemas internos do Brasil para obter ganhos políticos na França.

A relação bilateral deteriorou-se ainda mais após comentários ofensivos de Bolsonaro sobre Brigitte Macron, primeira-dama francesa, gerando uma crise diplomática que perdura até hoje.