A ideia do CEO Global do Carrefour, Alexandre Bompard, de sair em público afirmando que a gigante dos supermercados não compraria mais carne brasileira em suas unidades na França, para fazer um aceno político aos setores contrários ao acordo Mercosul-União Europeia, parece ter sido um dos maiores tiros no pé de que se tem notícia na história do mundo dos negócios. Para piorar, ele ainda veio com um pretexto esfarrapado de que a carne brasileira “não tem condições sanitárias” para ser vendida aos europeus.
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Só para lembrar, o Brasil é o segundo maior exportador de carne bovina do planeta, e deve assumir a liderança, superando os EUA, dentro de cinco anos, vendendo para mais de 170 países, sendo que há cinco décadas é uma referência sanitária no setor, invejado em todo o mundo.
Numa reação ao verdadeiro “insulto” de Bompard, o Ministério da Agricultura do Brasil reagiu energicamente e, nesta segunda (25), as maiores gigantes da carne brasileira, incluindo aí a JBS e a Masterboi, anunciaram uma reação: a venda de carne para as unidades do Carrefour no Brasil estão suspensas. Pela lógica dos produtores, se o alimento não está em condições de ser vendido na rede varejista e atacadista na França, conforme a provocação do CEO Global do Carrefour, também não pode ser vendida aos clientes do país nas lojas brasileiras.
Agora, para terminar de escorraçar com a companhia, quem também aderiu ao boicote às unidades do Carrefour no Brasil foram os produtores de carne frango.
“Eles tocaram em algo que é sagrado, que é a qualidade sanitária de nossas carnes. Isso nós não admitimos, porque é o que temos de mais precioso. Não é pelo que eles vão comprar. Repito. Se não quiserem comprar, não comprem. Nós vendemos para 170 países. Temos a garantia do que entregamos... Quando a França começa a falar e duvidar da nossa carne, querendo fazer embargo econômico através de pretextos sanitários e ambientais, nós vamos ter a altivez de responder. Não vamos admitir que questionem a qualidade da nossa carne”, disparou o ministro Carlos Fávaro.
“Isso é um absurdo. Se ele não quer comprar os produtos brasileiros, é simples, não compra. Se não quer comprar, diz que não quer. Agora, dizer que não tem qualidade sanitária? Faz 40 anos que a França compra carne do Brasil. E faz isso agora? Isso nós não vamos admitir, porque o que nós temos de mais precioso é a qualidade sanitária da nossa carne. É isso que nos abriu tantos mercados no mundo”, acrescentou o chefe da pasta da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Fávaro deixou claro que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará sempre ao lado dos produtores pecuaristas brasileiros.
“A reação dos frigoríficos tem nosso apoio. Se o Brasil não serve para colocar a carne brasileira colocar na gôndola do Carrefour na França, não serve para colocar na gôndola do Carrefour no Brasil”, disse ainda.
No final da tarde desta segunda-feira (25), em inúmeras unidades do Carrefour, em diferentes regiões do Brasil, já havia falta de carne bovina nas prateleiras, em decorrência do corte de abastecimento anunciado.