ELEIÇÕES 2024

Carlos Bolsonaro chuta cachorro morto e ataca aliados que apoiaram Marçal

A mensagem vai ao encontro do discurso do pai. Aliviado após a derrota do ex-coach, Jair Bolsonaro afirmou que "não precisamos que o Marçal declare apoio ao Ricardo Nunes": "A direita brasileira não é gado"

Carlos Bolsonaro e Pablo Marçal.Créditos: Reprodução redes sociais / Divulgação
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Obrigado a se reconciliar com Pablo Marçal (PRTB) durante o processo eleitoral, quando percebeu um motim na horda extremista da ultradireita, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), reeleito no Rio de Janeiro, começou já na noite deste domingo (6) a chutar cachorro morto e atacar os aliados que se embandeiraram para a campanha do ex-coach.

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Às 22h26, logo após a confirmação do segundo turno em São Paulo entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), o filho "02" de Jair Bolsonaro (PL) foi ao seu canal no Telegram e disparou ironias aos marçalistas magoados com o medebista, que não poupou artilharia no ex-coach durante a campanha.

"Estou vendo em massa o pessoal que esbravejava com uma espada na mão e estufando o peito dizendo que eram 'todos contra Boulos', mas agora afirmando que querem que ele ganhe em São Paulo. Jair Bolsonaro mais uma vez tinha razão", disparou.

A mensagem vai ao encontro do discurso do pai. Aliviado após a derrota do ex-coach, Jair Bolsonaro afirmou que "não precisamos que o Marçal declare apoio ao Ricardo Nunes".

"A direita brasileira não é gado", emendou o ex-presidente, que recuou de um confronto com Marçal no primeiro turno após virar alvo de apoiadores, que iniciaram uma debandada das redes sociais logo após a primeira crítica de Bolsonaro ao candidato do PRTB.

Ao lado de Carlos e Alexandre Ramagem (PL-RJ) - candidato derrotado por Eduardo Paes nas eleições no Rio de Janeio - em sua casa na capital fluminense, Bolsonaro comemorou com gritos e xingamentos a derrota de Marçal em São Paulo, segundo Bela Megale, no jornal O Globo.

Ainda na entrevista após o resultado da eleição, Bolsonaro criticou o laudo falso dizendo que a farsa contra Boulos “vai marcar a vida” de Marçal e comparou o ex-coach com um hacker “que, em vez de usar a inteligência para trabalhar em um banco, fica fazendo besteira”.

Implosão do bolsonarismo

A divulgação do laudo por Marçal, desmentido logo em seguida, tumultuou os grupos bolsonaristas no Telegram, expondo a implosão que o ex-coach causou na horda mais radical ligada ao ex-presidente.

A entrada de influenciadores e aliados próximos de Bolsonaro, como Gustavo Gayer (PL-SP), nas críticas ao laudo forjado fortaleceu o movimento contra Marçal nos grupos bolsonaristas e reverteu muitos votos do ex-coach para Ricardo Nunes. 

O próprio PRTB credita a Marçal o erro crasso de divulgar um documento falso às vésperas de uma eleição em que ele vinha em um movimento crescente - e quando muitas pesquisas previam um segundo turno dele contra Boulos.

Após a votação, os ânimos continuaram exaltados nos grupos, a ponto de mediadores intervirem no bate-boca. Além disso, diversas teorias da conspiração, como de costume, começaram a surgir para justificar a derrota do ex-coach.

As provocações e os debates acalorados seguem nesta segunda-feira (7), com muitos marçalistas chegando a declarar que votarão em Boulos no segundo turno.

"Se Bolsonaro continuar com esta postura Lulista, não vai muito longe. Ainda sou Bolsonaro doente, mas é preciso colocar os pés no chão pois assim com este tipo de atitude Boulos ganha fácil", escreveu Sergio do Carmo no grupo Águia, no Telegram, que reúne mais de 22 mil apoiadores do ex-presidente.

Em outra publicação, replicada do BlueSky, marçalistas afirma que vão votar "50" no segundo turno contra Nunes.

Saindo do armário

Em 28 de agosto, após ter sido chamado de "retardado mental" por Pablo Marçal, e enfrentar o ex-coach nas redes sociais, Carlos Bolsonaro saiu do armário e reatou, contrariado, com Marçal.

"Conversei há pouco com Pablo Marçal; foi muito educado e bacana comigo. Expusemos nossos pontos e fico feliz em ter a consciência de que queremos rumar nas mesmas direções quando falamos de Brasil", disse nas redes.

Em seguida, Carlos Bolsonaro revelou mais sobre a conversa que teve com Marçal. "Falamos sobre o 7 de setembro, censura e tudo o que o país vem atravessando há muito tempo. Outro ponto focal em que fiz questão de frisar é que não existe a formação de um gabinete direcionado para nenhum tipo de ação e que ambos sofremos cobranças naturais no processo em que estamos dispostos a atravessar, além do sentimento que as pessoas têm quando esse assunto é abordado."

Por fim, Carlos Bolsonaro afirmou que Marçal é a melhor escolha para São Paulo. "Tenho certeza de que, com o coração mais leve, São Paulo, Rio de Janeiro e o Brasil têm a oportunidade de cumprir as demandas que o povo realmente anseia. Deixo aqui meu fraterno abraço a Pablo e que saíamos todos mais fortes para um Brasil que os brasileiros desejam."