O erro crasso de divulgar um laudo sabidamente fajuto na reta finalíssima da campanha eleitoral - classificado como "molecagem" dentro do próprio PRTB - tirou de Pablo Marçal (PRTB) a chance de chegar ao segundo turno nas eleições em São Paulo e fez cumprir a profecia de Lula que, ao delegar a tarefa a Guilherme Boulos (PSOL), afirmou que a disputa na capital paulista seria entre ele e Jair Bolsonaro (PL).
Tentando criar uma narrativa para evitar ser preso na investigação criminal aberta pelas polícias Federal e Civil, Marçal admitiu que o documento é fajuto ao dizer que "jamais postaria sabendo que é um laudo falso" após a derrota, no fim da noite deste domingo (6).
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Presidente do PRTB, Leonardo Avalanche classificou como "grande erro" a publicação do documento, ressaltando que não era do conhecimento do partido.
Na sigla, a avaliação é que a estratégia de divulgar o documento foi 100% de Marçal, que teria agido sozinho, sem consultar qualquer quadro do partido e da campanha.
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“Isso foi molecagem dele, ele foi moleque. Não precisava disso para avançar para o segundo turno. Um médico picareta mandou aquilo para ele, e ele pegou e postou”, afirmou um integrante da ala jurídica da campanha, em condição de anonimato, ao site Metrópoles.
Após a publicação e o desmentido logo em seguida, expondo erros crassos no documento, Marçal saiu correndo pelas ruas de São Paulo, em claro tom de desespero, e chegou a descumprir decisão da Justiça Eleitoral ao criar um novo perfil no Instagram após o reserva ter sido derrubado por decisão do juiz de garantias Rodrigo Capez.
A estratégia final, após o erro crasso, seria provocar a prisão e, assim, gerar comoção entre apoiadores e embasar a narrativa de perseguição pelo "sistema", que poderia em tese estancar a migração de votos bolsonaristas para Ricardo Nunes (MDB).
Após a divulgação do laudo, até mesmo aliados históricos de Bolsonaro que nutriam simpatia e faziam campanha para o ex-coach criticaram Marçal e o que se viu nos grupos bolsonaristas no Telegram foi um forte movimento de críticas ao candidato do PRTB, que teria sido decisiva para beneficiar Nunes.
Lula x Bolsonaro
Com o erro crasso que tirou Marçal de um quase certo segundo turno, a profecia de Lula se cumpriu e o jogo em São Paulo foi zerado para o segundo turno.
No Rio de Janeiro, ao lado do filho Carlos Bolsonaro (PL-RJ) - o segundo vereador mais votado do Brasil -, Bolsonaro comemorou a derrota de Marçal e respirou aliviado, mesmo com o ex-coach prometendo ao eleitorado radical, que roubou do ex-presidente, que "2026 tá logo ali".
Bolsonaro se mostrou enfurecido com o avanço de Marçal e, principalmente, pelo fato do ex-coach ter rachado sua base, que se revoltava com cada posicionamento dele em direção a Nunes.
No segundo turno, o ex-presidente vai embarcar de vez na campanha de Nunes - mesmo diante do ressentimento do medebista - e, juntamente com Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), o grande vencedor dentro da seara neofascista, tentar resgatar as ovelhas desgarradas da horda radical cooptadas por Marçal.
Lula, por sua vez, sentiu a força de Boulos no último ato da campanha na avenida Paulista, no sábado (5). E agora vai desembarcar em São Paulo para o terceiro embate direto contra Bolsonaro - após a derrota de Fernando Haddad em 2018, em meio ao lawfare da Lava Jato, e a vitória em 2022.
Prestes a completar 79 anos, no dia 27 de outubro - data do segundo turno das eleições -, Lula sabe que vencer em São Paulo é essencial para propagar seu levado e colocar Boulos na sua linha de sucessão pós 2026.