ELEIÇÕES 2024

Melancolia: Marçal "morre na praia" após tentar na marra ser eleito prefeito de SP

Ex-coach e influenciador ficou pelo caminho na corrida eleitoral de São Paulo ao terminar em 3° lugar, ficando de fora do 2° turno, após publicar mentiras e desinformação e ter redes sociais bloqueadas pela Justiça

O candidato derrotado Pablo Marçal (PRTB) concede entrevista aos jornalistas em frente ao portão da mansão onde mora, nos Jardins, zona sul de São PauloCréditos: Julio Costa Barros
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Acabou neste domingo (6) de maneira melancólica a tentativa do ex-coach Pablo Marçal (PRTB) de ser eleito prefeito da cidade de São Paulo. A maioria dos eleitores da capital paulista decidiu mandar o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos para o 2° turno do pleito municipal.

Estava tudo armado para a festa da vitória de Marçal em espaço alugado no edifício Tomie Othake, em Pinheiros, zona oeste da cidade, mesmo com as últimas pesquisas de opinião antes da votação terem indicando a necessidade de se realizar 2° turno em São Paulo. A informação era de que Marçal não falaria com a imprensa e se manifestaria só depois que as suas redes sociais – bloqueadas pela Justiça – fossem reativadas.

O reconhecimento da derrota ficou a cargo do presidente do PRTB, Leonardo Avalanche, que lamentou a estratégia adotada pelo influenciador digital de usar um laudo médico falsificado para tentar prejudicar o também candidato Guilherme Boulos (PSOL). O documento com a assinatura forjada de um médico que já faleceu foi contestado por peritos criminais da Polícia Civil.

“Certamente isso espantou de vez o voto do eleitor indeciso”, afirmou o fiador da campanha do ex-coach. Mas a derrotar do candidato do PRTB não foi motivo para lamentação. “O partido sai vitorioso”, completou Avalanche. Ele disse ainda esperar que o influenciador volte a se candidatar em 2026.

Quando a apuração de 100% das urnas eletrônicas foi concluída, às 21h21, a equipe de campanha do influenciador digital natural de Goiás já havia desmobilizado todo o aparato preparado para uma coletiva de imprensa. Minutos depois, a comunicação do candidato informou que Marçal havia decidido falar, em frente da mansão onde mora, nos Jardins.

“Não vai ter segundo turno. Vocês vão desacreditar quando abrirem as urnas”, profetizou Pablo Marçal logo após registrar o voto, em uma escola de Moema, zona sul de São Paulo. “Não fui eu que publiquei. Foi o meu advogado Tásio Renam que recebeu e publicou. Eu estava no podcast Inteligência Ltda”, justificou-se.

Ao reconhecer a derrota, Marçal voltou atrás na justificativa. Reconheceu que sabia da publicação, mas que não sabia que se tratava de um documento falso. “Se soubesse que era falso não teria publicado”, afirmou, sem explicar a coincidência de ter sido o seu amigo biomédico Luiz Teixeira da Silva Júnior ser o dono da clínica que emitiu o laudo falso. Silva Júnior nega envolvimento com o caso.

Morto-vivo

Quando estava sentado sobre o teto de uma caminhonete de luxo, o ex-coach chegou a afirmar que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), era um homem de muita fé porque estava tentando ressuscitar um candidato morto ao se referir ao candidato à reeleição.

“Tarcísio é um homem muito dedicado e de muita fé”, começou o ex-coach pouco depois de votar. “Nunes não é Lázaro e vai seguir morto”, afirmou Marçal ao insinuar que o prefeito seria derrotado. O candidato derrotado se referia à passagem bíblica que relata o milagre de Jesus, que fez Lázaro voltar à vida após dias morto.

Mas o tempo de Marçal contar vitória antes da hora acabou à noite. Em frente de sua residência, o candidato derrotado do PRTB foi questionado pela reportagem sobre a citação feita por ele mais cedo ao se referir ao atual prefeito. 

“Lázaro não estava morto. Estava em coma”, concluiu antes de voltar ao interior do imóvel com muros imponentes e monitorado por câmeras e uma dezena de seguranças.