SIONISMO

Empresa defendida por Múcio recebeu quase R$ 1 bilhão da União em 10 anos e foi turbinada por Bolsonaro

A AEL Sistemas, subsidiária da Elbit Systems de Israel, recebeu quase R$ 1 bilhão do governo brasileiro em contratos nos últimos 10 anos, em meio a debates sobre modernização militar e controvérsias geopolíticas

José Múcio, ministro da Defesa, no 7 de Setembro.Créditos: Flickr / Ministério da Defesa
Escrito en POLÍTICA el

Nos últimos 10 anos, a empresa israelense AEL Sistemas S.A. acumulou quase R$ 781,7 milhões em contratos com o governo brasileiro. Defendida recentemente pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, a AEL tem sido peça-chave no processo de modernização das Forças Armadas brasileiras.

Os dados, extraídos de uma planilha governamental, indicam que o maior pico de gastos ocorreu em 2016, quando a empresa recebeu mais de R$ 100 milhões. Outro aumento significativo foi registrado em 2021, com valores que também ultrapassaram a marca de R$ 100 milhões. Há uma oscilação nos pagamentos, com quedas entre 2015 e 2019, mas uma recuperação a partir de 2020, no governo Jair Bolsonaro (PL), quando os contratos voltaram a crescer significativamente.

O contrato tem a participação de 2 empresas brasileiras, a Ares Aeroespacial e a AEL Sistemas, com a promessa de gerar 400 empregos diretos. A AEL é uma subsidiária da Elbit Systems, a maior empresa privada militar israelense, que fabrica drones armados amplamente utilizados nos ataques em Gaza, entre outros armamentos.

A posição de Múcio e as críticas políticas

Recentemente, Múcio defendeu publicamente a AEL durante discussões sobre a compra de blindados israelenses. O ministro afirmou que as objeções ao contrato com a Elbit Systems, controladora da AEL, são "ideológicas" e ressaltou a importância de dotar o Exército Brasileiro de equipamentos modernos. Esse comentário veio após críticas de figuras como Celso Amorim e integrantes do Partido dos Trabalhadores (PT), que questionaram a relação comercial com Israel devido aos conflitos na Faixa de Gaza.

A decisão de vetar a compra dos blindados foi adiada em maio de 2024, e o Tribunal de Contas da União (TCU) deve avaliar se a participação de empresas de países em conflito pode ou não influenciar as licitações brasileiras.

Impacto econômico e contratos de modernização

Além da controvérsia política, os contratos da AEL com o Brasil envolvem a modernização do arsenal militar, com destaque para projetos como o desenvolvimento de obuseiros e sistemas de controle avançados. A empresa, juntamente com a Ares Aeroespacial, comprometeu-se a gerar cerca de 400 empregos diretos, fortalecendo a economia local.

A AEL, sendo parte da Elbit Systems, traz também o peso de suas operações globais, especialmente na fabricação de drones armados utilizados em conflitos internacionais. A relação comercial entre o Brasil e a Elbit Systems gerou debates sobre a moralidade e a implicação geopolítica desses contratos, dado o uso de armamentos da empresa em cenários de guerra, como os ataques em Gaza.

A planilha de gastos do governo detalha a evolução dessas despesas, mostrando uma curva de crescimento consistente nos últimos anos, especialmente com contratos relacionados à compra de sistemas tecnológicos para a defesa nacional.

Apesar das críticas, os investimentos no setor militar, incluindo a parceria com a AEL, continuam sendo uma das prioridades do Ministério da Defesa, com Múcio enfatizando que esses contratos são vitais para garantir a eficácia e a prontidão das Forças Armadas em possíveis conflitos.

Temas