Passados quase dois anos do governo do presidente Lula, o ministro da Defesa José Múcio ainda não entendeu qual a função de seu cargo, segundo especificado no portal do governo federal:
O Ministério da Defesa é o órgão do Governo Federal incumbido de coordenar o esforço integrado de defesa, visando contribuir para a garantia da soberania e em prol da sociedade brasileira, abrangendo o preparo e o emprego conjunto e singular das Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, e a articulação entre elas e com os demais órgãos do Estado.
Num pronunciamento nesta terça, 8, o ministro distribuiu caneladas no Itamaraty, criticou as posições políticas brasileiras e reclamou que não reconhecemos que só não houve golpe em 8 de janeiro de 2023 graças às Forças Armadas...
Ainda se referiu ao golpe de 1964 como "muita gente debita às forças armadas o golpe de 64". Como assim, ministro, você tem alguma dúvida de que o golpe de 1964 foi dado pelas Forças Armadas?
As mancadas de Múcio em menos de dois minutos:
- uma licitação vencida por Israel ele diz que foi vencida pelos "judeus, o povo de Israel", acenando à extrema direita evangélica das Forças Armadas.
- critica o fato de a licitação ter sido bloqueada "por questões ideológicas". Essas "questões ideológicas" são nada mais, nada menos que o genocídio dos palestinos em Gaza praticado por Israel.
- diz que o TCU não permitiu passar a vitória na licitação para o segundo colocado, quando não houve segundo colocado, pois a licitação foi direcionada para a vitória de Israel.
- reclama que não podemos exportar nosso potássio, pois "está embaixo da terra dos índios". Queria trocar nossos indígenas (e não índios, ministro) por potássio?
- situa sua posição no governo com a seguinte frase: "A defesa ficou órfã, porque a esquerda achava que eles haviam programado, projetado aquele golpe e a direita ficaram zangadas (sic) porque não se deu o golpe". Ele dá o mesmo peso aos dois lados, sendo que um deles, o do governo, está de acordo com a Constituição, e a direita que "ficaram zangadas" (coisa feia de ideia e de concordância) defendia um golpe. Se está zangada é sinal de que ainda não recebeu a punição devida pela tentativa. E o ministro ainda não entendeu que o lado dele tem que ser o da Constituição e não o da direita que "ficaram zangadas" por não terem dado o golpe.
- reclama mais uma vez de uma decisão política do governo de não vender munição para a Alemanha, que possivelmente seria enviada para a Ucrânia na guerra, o que iria contrariar a Rússia. Mas o presidente Lula já disse que a posição do Brasil é pela paz, como poderia enviar munição para a guerra, ministro?
Múcio está completamente perdido no governo e age na contramão das decisões estratégicas do Brasil, o que mostra que sua posição como ministro da Defesa é indefensável.
A seguir, a transcrição da fala de Múcio e a seguir o vídeo.
A questão diplomática interfere na defesa. Houve agora uma concorrência, uma licitação, venceram os judeus, o povo de Israel. Mas por questão da guerra, do Hamas, dos grupos políticos, nós estamos com essa licitação pronta, mas por questões ideológicas nós não podemos aprovar. O TCU não permitiu dar o segundo colocado e nós estamos aguardando que essa circunstância passe para que a gente possa se defender. Nós, por exemplo... importamos potássio do Canadá, quando nós temos a segunda maior reserva de potássio aqui. Mas por questão ideológica, a Constituição prevê, mas como está embaixo da terra dos índios, nós não podemos exportar, nós não podemos explorar o nosso potássio. A defesa ficou órfã, porque a esquerda achava que eles haviam programado, projetado aquele golpe e a direita ficaram zangadas (sic) porque não se deu o golpe. Então nós ficamos sem ter com quem conversar, com quem discutir. Por quê? Porque se muita gente debita às forças armadas o golpe de 64, precisava ter creditado às forças armadas não ter havido o golpe em 2023. Foram as forças armadas que preservaram e seguraram a nossa democracia. Quer ver um exemplo de embaraço diplomático? Nós temos uma munição aqui no exército que não usamos. A Alemanha quis comprar. Está lá, custa caro para manter essa munição, vender. Fizemos um negócio, um grande negócio, não faz, porque senão o Alemão vai mandar para a Ucrânia e a Ucrânia vai usar contra a Rússia e a Rússia vai mexer nos nossos acordos de fertilizantes.
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